PUBLICIDADE

Manguinhos: ocupação policial, visita do Papa e IDH africano

21 mar 2014 - 16h05
(atualizado às 16h09)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Policial patrulha rua de favela em meio ao recrudescimento do conflito no Rio de Janeiro</p>
Policial patrulha rua de favela em meio ao recrudescimento do conflito no Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Manguinhos tornou-se epicentro de um dos piores recrudescimentos da longa luta contra a violência no Rio de Janeiro. Nessa quinta, uma operação policial na favela terminou com o comandante da UPP local, o capitão Gabriel Toledo, baleado na perna, mas o saldo do conflito implicou também a deflagração de uma situação que levou o governador Sérgio Cabral (PMDB) bater nas portas de Brasília e pedir ajuda federal à presidente Dilma Rousseff (PT).

"A marginalidade tenta ocupar territórios, desmoralizar a nossa polícia. Mas o Estado é um só, e tem que se mostrar unido e capaz de se mobilizar", afirmou Cabral nesta sexta-feira ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após receber o aval da Dilma. "Estaremos juntos, apoiando o Estado do Rio de Janeiro no que for necessário", afirmou Cardozo sobre a união com o Rio em meio à crise entre PT e PMDB nos bastidores políticos de Brasília.

As tropas federais devem já chegar ao Estado neste fim de semana, ecoando a ocupação das favelas em 2012. Mas talvez o cenário seja distinto. Em outubro desse ano, cerca de 2 mil soldados da Polícia Militar acompanhados de 13 blindados da Marinha marcharam e ocuparam o Complexo Manguinhos. A chamada "Pacificação Manguinhos", que era o passo essencial para a implantação da UPP atacada nessa quinta, terminou com hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro na manhã do dia 14 de outubro de 2012.

Menos de um ano depois, a mesma favela voltou a tornar um dos palcos nacionais centrais. Já pacificada, teve mais uma vez suas ruas tomadas por policiais, mas também por fiéis que se debruçaram por sobre suas construções e arremedos para ver o então recém eleito papa Francisco. "Não é possível bater em todas as portas. Então, escolhi vir aqui, visitar a comunidade de vocês. A comunidade que hoje representa todos os bairros do Brasil", disse o primeiro Papa latino.

Se Francisco, conhecedor da pobreza e das veias abertas da América Latina que é, tem razão, Manguinhos indica, portanto, que o Brasil ainda é, apesar do esforço slogan presidencial, um país pobre. Como mostrou um levantamento estatístico da Agência Brasil, a Favela do Mandela - localizada na chamada Faixa de Gaza de Manguinhos - apresenta índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,726. Trata-se de um IDH próximo do Gabão (0,755) e da Argélia (0,754) - mas bem inferior ao de bairros como a Gávea (0,970, próximo do IDH noruguês, que é de 0,971).

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade