A mãe do adolescente Kaique Augusto dos Santos, 17 anos - encontrado morto no último dia 11, na avenida Nove de Julho, em São Paulo -, Isabel Cristina Batista, e o advogado que a representa, Ademar Gomes, afirmaram nesta terça-feira, em entrevista coletiva, que não contestarão a conclusão da polícia de que o jovem se suicidou e não foi vítima de um homicídio.
"Queremos nos retratar. Se em algum momento foi dito que foi homicídio por parte dos skinheads, pedimos desculpas. Não tem nenhum grupo envolvido, o que houve é que ele se suicidou”, afirmou Gomes. "Eles (policiais) chegaram a uma conclusão que não vamos contestar. Houve suicídio e não homicídio, como havia sido dito. A dona Isabel (mãe do adolescente) não se conformava com suicídio, simplesmente porque o corpo estava no chão e a polícia levou para o IML (Instituto Médico Legal). Eles não tiveram qualquer esclarecimento do IML, que não deu informações a ela.”
Registrado pela polícia como suicídio, o caso gerou polêmica após familiares e amigos de Kaique afirmarem que ele foi agredido e morto, por conta da forma como seu corpo foi encontrado. A tese de que o jovem se matou, porém, voltou a ser considerada depois que a polícia localizou mensagens de despedida do adolescente em um diário escrito por ele. "Eu não li o diário realmente, mas meu advogado disse e me passou tudo. Foi suicídio", afirmou Isabel.
Apesar dos textos no diário, a mãe do garoto afirmou que ele não havia demonstrado depressão e nem tentado se matar anteriormente. "Está sendo muito difícil. Péssimo. Porque eu não tinha conhecimento dessa depressão dele. A reação dele dentro de casa não era o que ele escrevia. Nunca rejeitei meu filho. Trabalho com muitos homossexuais e nunca impediria isso (fato de ser homossexual). Nunca tive preconceito sobre isso. A família também não tinha preconceito. Acredito muito no trabalho da polícia e estou convicta de que houve suicídio”, afirmou a mãe do adolescente.
“Pelo que ouvi dizer é que ele se sentia muito sozinho. Eu tinha um problema financeiro em casa e por isso morava com amigos, mas ele iria voltar para casa em breve. Talvez tenha sido esse período que se sentiu sozinho, mas não tinha conhecimento disso. Só soube pelo diário porque em casa ele era pura alegria, só dançava e cantava. Para mim está sendo um choque. Essa é a realidade", disse Isabel.
A mãe e amigos do adolescente Kaique Augusto dos Santos, 17 anos, encontrado morto no último sábado, na avenida Nove de Julho, em São Paulo, compareceram na tarde desta sexta-feira ao 3º Distrito Policial, no centro da capital paulista, para prestar depoimento durante as investigações do caso
Foto: Marcelo Pereira / Terra
A mãe do jovem, Isabel Cristina Batista, traumatizada com a morte do filho, preferiu não emitir opinião sobre o que aconteceu.
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O advogado da família, Ademar Gomes, afirmou, por telefone, que ela levou à polícia informações que podem ajudar na solução do caso
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Amigos e familiares organizaram um protesto contra a morte do jovem
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O jovem foi encontrado morto no centro de SP
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Amigos e familiares de Kaique protestaram no centro de São Paulo
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Eles pedem o esclarecimento da morte do garoto, encontrado morto no último sábado
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Manifestantes ligados ao movimento LGBT engrossaram o coro no protesto
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Dezenas de pessoas se juntaram no Largo do Arouche para protestar e homenagear Kaique
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Os manifestantes também pediram a criminalização da homofobia
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Jovens de mãos dadas durante ato no centro de São Paulo
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Amigos do jovem Kaique pediram justiça durante o protesto
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Manifestantes ligados ao movimento LGBT também participaram do ato
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O governador de São Paulo também foi alvo dos manifestantes, que carregavam cartazes pedindo justiça a Kaique
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Largo do Arouche ficou lotado durante manifestação pedindo o esclarecimento da morte de Kaique
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Um dos que participaram do ato foi o cartunista Laerte Coutinho, que definiu assim a sua presença
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Outro que esteve com Kaique na madrugada da sua morte foi o autônomo Douglas Oliveira, 31 anos
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Familiares e amigos falam em homicídio e uma das hipóteses é que tenha sido provocado por homofobia
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A polícia registrou o caso como suicídio. Porém, o rapaz estava com todos os dedos das mãos quebrados, sem os dentes e com uma barra de ferro cravada em uma das pernas
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O garoto foi localizado sem vida pouco depois de deixar o mesmo Largo do Arouche, local em que teria participado de uma festa na semana passada
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Quando a noite começou a cair na cidade de São Paulo, cerca de 500 jovens se reuniram no Largo do Arouche, região central de São Paulo, para um ato em homenagem ao adolescente Kaique Augusto dos Santos, 17 anos, encontrado morto no último sábado, na avenida Nove de Julho, em São Paulo