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Polícia

Mãe de Isabella quer indenização por peça de teatro 'ofensiva'

Advogada diz que encenação afronta toda a família da menina

4 mar 2013 - 17h45
(atualizado às 17h54)
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Os Satyros iriam estrear a peça sobre Isabella Nardoni
Os Satyros iriam estrear a peça sobre Isabella Nardoni
Foto: Divulgação

A advogada Cristina Christo Leite, que representa Ana Carolina de Oliveira, mãe da menina Isabella Nardoni, 5 anos, afirmou que sua cliente quer indenização por danos morais devido à exibição da peça teatral "Edifício London", da companhia Os Satyros, e da venda do livro de mesmo nome, de Lucas Arantes. Segundo a defensora, "a peça é extramente ofensiva à memória de Isabella, afronta a mãe e toda a sua família. A peça não traz nenhuma novidade, ao contrário".

"Se a companhia diz que está retratando o caso Isabella, que fizesse isso com fidelidade, não com distorções. Em uma das cenas da peça, por exemplo, há uma boneca decapitada representando a Isabella. Depois de tudo que a Ana Carolina viveu, você acha que ela merece saber que todas as noites a filha dela é representada por uma boneca decapitada?", questionou a advogada.

Na última sexta-feira, a 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu a exibição da peça. De acordo com a companhia teatral, o objetivo era lançar um olhar para a nova configuração familiar e estabelecer um ambiente transitório entre a realidade e a fantasia, sem qualquer juízo de valor. O grupo Os Satyros afirma que “a encenação evidencia os pensamentos filosóficos anteriores às ações dos personagens e propõe uma estética distorcida como analogia aos desajustes e às incompatibilidades dos indivíduos com os meios em que habitam”.

Em nota, o grupo os Satyros disse que “serão adotadas todas as medidas necessárias fazer valer o que prescreve o inciso IX, do artigo 5º., da Constituição Federal brasileira, que diz, de forma clara e precisa, que ‘é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença'". O Terra entrou em contato com o escritório de Dinovan Dumas de Oliveira, advogado da companhia teatral, mas ele está viajando e retorna apenas na quinta-feira.

O caso Isabella

A menina Isabella Nardoni, 5 anos, foi jogada do sexto andar e encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, em São Paulo, no dia 29 de março de 2008. Socorrida, ela não resistiu aos ferimentos e morreu. Em depoimento, o pai da criança disse que o prédio foi assaltado e a menina, jogada por um dos bandidos, que cortou a tela de proteção da janela.

A versão do casal, no entanto, não foi sustentada pela perícia e, em 3 de abril do mesmo ano, o casal foi preso pelo assassinato da criança. Segundo o Ministério Público, Anna Carolina agrediu Isabella ainda dentro do carro e asfixiou a menina no apartamento. Achando que Isabella estava morta, o pai cortou a rede de proteção e jogou a filha do sexto andar. Alexandre e a mulher sempre negaram as acusações.

O caso foi levado a julgamento quase dois anos após a morte. Na primeira hora do dia 27 de março de 2010, após cinco dias de júri, o juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, condenou Nardoni a 31 anos, um mês e dez dias de prisão por homicídio triplamente qualificado: por meio cruel, sem chance de defesa da vítima e para garantir ocultação de crime anterior. Já Anna Carolina Jatobá foi condenada a 26 anos e oito meses de prisão. Os dois foram condenados também a oito meses de prisão em regime semiaberto por fraude processual.

Em maio de 2011, a 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo analisou recurso do casal contra o julgamento e reduziu a pena de Nardoni em 10 meses e 20 dias. Com a decisão, sua pena passou para 30 anos e dois meses de prisão. A sentença de Anna Carolina foi mantida. Eles cumprem pena em presídios de Tremembé (SP).

Fonte: Terra
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