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Jornalistas fazem manifestação em memória a cinegrafista em Curitiba

11 fev 2014 - 19h51
(atualizado às 19h56)
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Cerca de 60 repórteres fotográficos, cinematográficos e jornalistas paralisaram suas atividades e fizeram um manifesto na tarde desta terça-feira em Curitiba, em memória ao repórter cinematográfico Santiago Andrade, morto após ser atingido por um foguete durante uma manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus na última quinta-feira, no Rio de Janeiro. Eles juntaram seus equipamentos sobre uma faixa preta e imagens de Santiago para protestar contra a violência contra profissionais de imprensa e a falta de condições de segurança no trabalho.

"É uma manifestação em apoio à família e em memória de nosso colega Santiago. Desde que as manifestações passaram a terminar em violência, são diversos os casos de jornalistas feridos, seja por pedrada de manifestante, seja por bala de borracha ou estilhaço de bomba da polícia. Parecia uma tragédia anunciada", disse Valquir Aureliano, presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Paraná (Arfoc). Ele informou que a associação está solicitando equipamentos de proteção semelhantes aos usados em coberturas policiais para profissionais de imprensa que cobrem manifestações. "Infelizmente, todas as manifestações estão acabando em confronto, precisamos zelar pela vida dos trabalhadores", disse.

Diretor da Arfoc, o repórter fotográfico Franklin Freitas disse que a tragédia que aconteceu no Rio de Janeiro poderia ter ocorrido em Curitiba. "Desde junho do ano passado, todos os protestos estão acabando em confronto. E o jornalista está no meio desse fogo cruzado. A situação piora quando não somos atingidos por acidente, mas acabamos sendo vítimas dos vândalos ou mesmo da polícia. Se registramos um ato de vandalismo, tomamos pedrada. Se registramos um policial cometendo abuso, levamos tiro de borracha", disse. Franklin disse que a Arfoc orienta seus associados a cobrirem as manifestações sempre acompanhados de outros colegas. "Nessas horas temos que esquecer que somos concorrentes, deixar de buscar uma imagem exclusiva, para cuidarmos das nossas vidas e de nossos colegas."

Repórteres cinematográficos e fotográficos fazem homenagem a Santiago :

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, Guilherme Carvalho, lembrou que o ato não é contra as manifestações. "Os movimentos são legítimos e o jornalista está lá para registrá-los. Só não podemos admitir que trabalhadores, no exercício de seu ofício, sejam alvo tanto da polícia quanto de alguns grupos que se infiltram entre os manifestantes para cometer agressões", disse.

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

Jornalistas debatem o uso de colete à prova de bala no trabalho:

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, é considerado foragido e tem duas passagens pela polícia. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem leava pelo delegado. Ele está sendo procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão.

Fonte: Especial para Terra
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