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Polícia

Investigador lembra 19 telefonemas e diz que Evandro vigiava Mércia

30 jul 2013 - 12h04
(atualizado às 12h29)
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O advogado de Evandro falou sobre uma suposta "bomba" a ser revelada em julgamento
O advogado de Evandro falou sobre uma suposta "bomba" a ser revelada em julgamento
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press

O investigador de polícia Alexandre Simone Silva, que trabalhou na divisão anti-sequestro na época do crime de Mércia Nakashima, afirmou poder "assegurar com convicção" que o ex-policial reformado Mizael Bispo e o vigia Evandro Bezerra da Silva estavam em "vigilância" da advogada no dia 23 de maio de 2010, data da morte de Mércia. "Posso assegurar que ela desapareceu neste dia", disse a testemunha de acusação.

Veja como funciona o Tribunal do Júri

"Afirmo com convicção que Mizael e Evandro mentiram, pois as versões são incompatíveis. Eles (Mizael e Evandro) se falaram de forma fora do padrão e se falaram perto da residência dos familiares de Mércia", disse Alexandre, em depoimento nesta terça-feira, o primeiro deste segundo dia de julgamento do vigia, acusado de ser cúmplice de Mizael na morte de Mércia.

Apesar de contatos anteriores entre os dois mostraram diversas ligações nos dias 16, 21 e 22 de maio, apenas no dia 23 foram registradas 19 ligações, sendo que 16 deles foram feitas por Mizael e outras três por Evandro.

"Foi isso que nos chamou atenção. E eles pararam de usar esse número, que era um número 'frio', no dia 23. Só voltaram a usar novamente dia 10, quando encontraram o carro de Mércia na represa", disse Simone.

O vigia Evandro, que fazia bicos para Mizael, está sendo julgado acusado de ter colaborado com a fuga do ex-policial, condenado em 14 de março a 20 anos de prisão pela morte de Mércia, que na ocasião era sua ex-namorada.

A acusação sustenta que Evandro não teve participação direta na morte, mas que sabia que Mizael tinha a intenção de cometer o crime. Mércia foi vítima de disparos de arma de fogo e foi lançada, no interior de seu veículo, dentro de uma represa no município de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.

O advogado de defesa Arlyndo de Paula voltou a citar a possível tortura sofrida por Evandro em Sergipe, quando foi preso, para que confessasse a ajuda no crime. A testemunha afirmou que participou dos interrogatórios em São Paulo, mas disse que o vigia mostrava ter medo de Mizael.

"Pode ser que no momento o Evandro estava querendo falar, mas por medo do Mizael não contou tudo. Pelo que nos relatou, ele tinha certa cautela com o Mizael", afirmou Alexandre. O investigador disse ainda que acredita que o vigia estava sofrendo ameaças de morte na época dos interrogatórios por "saber detalhes do crime". "Se eu fosse racionalizar em cima disso, eu diria que sim, pois ele sabia muitos detalhes daquela noite", completou.

As três testemunhas de acusação e a testemunha comum já foram ouvidas. Ainda faltam testemunhas de defesa e duas testemunhas sigilosas para que o julgamento entre em sua reta final. O júri popular deverá definir o futuro de Evandro nesta quarta-feira.

O caso

A advogada Mércia Nakashima desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos, e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela foi ferida a tiros, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

Ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima). Em 14 de março deste ano, Mizael foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Mércia.

A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local. Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura.

Fonte: Terra
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