Inteligência da PM sabia da invasão, confirma secretário
O serviço de inteligência da Polícia Militar (PM) tinha conhecimento desde a noite de sexta-feira da invasão ao Morro dos Macacos, na zona norte do Rio de Janeiro, que gerou um conflito violento entre policiais e gangues rivais. A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, durante entrevista à Globo News.
"Em outros trabalhos temos conseguido antecipar essas invasões, disponibilizando um policiamento mais dinâmico. Porém, ontem só conseguimos antecipar parte desse grupo, pois não não foi possível cobrir toda a região do conflito", explicou o secretário. "A área é imensa e humanamente impossível de ser fiscalizada", afirmou à Globo News.
O secretário disse ainda que as folgas foram suspensas e toda a PM está de prontidão. Um efetivo com cerca de 2 mil policiais está mobilizado para garantir a tranquilidade na região.
Conforme balanço oficial da PM, 12 pessoas morreram na guerra entre traficantes no morro do São João. Além dos dois policiais que perderam a vida na explosão do helicóptero da PM, outros dez criminosos também morreram durante o tiroteio entre gangues. Além disso, 8 pessoas ficaram feridas - entre elas, 6 policiais e 2 moradores -, duas foram presas e 8 ônibus foram incendiados.
Sábado de violência
O sábado de violência na zona norte do Rio de Janeiro começou por volta da 1h, quando traficantes do Complexo do Alemão e do Jacarezinho invadiram, por meio da favela do São João, o morro dos Macacos. De acordo com a PM, houve intenso tiroteio entre as quadrilhas rivais e pelo menos três pessoas morreram. Eles seriam membros de uma das gangues.
No início da manhã, moradores iniciaram uma mobilização, queimando pneus e outros objetos. Por volta das 9h, cerca de 120 homens da Polícia Militar iniciaram uma operação no Morro dos Macacos e no morro São João. Após uma hora do início da ação, o helicóptero utilizado pelos policiais foi alvejado a tiros disparados por traficantes, de acordo com a PM.
A aeronave pegou fogo no ar e obrigou o piloto a fazer um pouso forçado em um campo da Vila Olímpica de Sampaio, mas explodiu ao tocar o solo. Dos seis ocupantes, dois morreram carbonizados dentro do helicóptero e quatro foram encaminhados ao hospital de Andaraí.
Pelo menos 10 ônibus foram incendiados na zona norte do Rio de Janeiro no início da tarde. Até as 14h, a polícia evitava relacionar o fogo nos veículos com a violência no morro dos Macacos. Segundo a PM, duas escolas também foram incendiadas.
Os policiais cercaram o morro dos Macacos, a favela de São João, de onde teriam partido os traficantes, e a localidade São Carlos. Conforme a PM, moradores dessa última favela seriam aliados aos criminosos de São Paulo e teriam apoiado a invasão ao morro dos Macacos.
