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Polícia

Imprensa internacional destaca protestos no Rio e cita Copa

Jornalistas destacaram a violência do protesto e a proximidade com a Copa do Mundo, que começa em junho

23 abr 2014 - 07h11
(atualizado às 07h34)
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<p>Moradores protestaram após a morte do dançarino nesta terça-feira</p>
Moradores protestaram após a morte do dançarino nesta terça-feira
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Os protestos violentos no Rio de Janeiro na noite desta terça-feira após a morte do dançarino do programa Esquenta Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, 25 anos, na comunidade do Pavão-Pavãozinho em Copacabana foram destacados pela imprensa internacional. A notícia ganhou destaque na capa da versão online do britânico The Telegraph, que ressaltou que o protesto ocorreu no bairro turístico da zona sul carioca, que deverá receber centenas de milhares de turistas em menos de dois meses para a Copa do Mundo.

“Milhares de torcedores ingleses são esperados no Rio, onde a equipe da Inglaterra ficará baseada durante a competição. Moradores disseram que estavam amedrontados após a base da polícia na favela, que abriga 10 mil pessoas, ter sido atacada”, disse o jornal.

Já o Wall Street Journal destacou o protesto no Rio e fez uma ligação com a série de incêndios a ônibus registrados em São Paulo na madrugada de ontem.

“As duas maiores cidades do Brasil foram atingidas por protestos na terça-feira. A morte de um dançarino profissional provocou um protesto violento em uma favela do Rio, com vista para as praias populares, e homens armados incendiaram quase três dezenas de ônibus em uma garagem na Região Metropolitana de São Paulo. Os incidentes ocorrem a menos de dois meses de o Brasil sediar Copa do Mundo de futebol e ressaltam as preocupações sobre a segurança durante o evento”, ressaltou a publicação.

O jornal ainda lembrou que tais protestos são comuns no Brasil e que a motivação varia de briga de gangues até a falta de água que atinge a capital paulista. O jornal encerrou a reportagem lembrando que um incêndio a ônibus terminou com a morte de uma menina de 6 anos, em São Luis (MA). Na ocasião, o protesto foi contra mortes no sistema prisional de Pedrinhas.

A morte de Douglas também foi destacada por agências internacionais como BBC e AFP, que fomentam veículos de imprensa do mundo todo. A rede britânica BBC falou da violência policial, ressaltando que “a Anistia Internacional aponta que cerca de 2 mil pessoas morrem a cada ano no Brasil como resultado da violência policial”.

À outra agência, a Associated Press, o morador da favela palco dos protestos nesta terça declarou que as ocupações policiais pelas Unidades de Polícia Pacificadoras são um fracasso. “Este esforço para pacificar as favelas é um fracasso, a violência policial só está substituindo o que os traficantes de drogas realizado antes", disse.

Já a Al Jazeera, do Catar, ressaltou o fato de uma favela “pacificada” ter sido palco de atos violentos. Ao contrário dos demais veículos que destacaram a chegada da Copa do Mundo, a Al Jazeera lembrou que a favela fica a poucos metros do local de eventos de natação das Olimpíadas de 2016.

Morte e protestos

Moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, no Rio de Janeiro, protestam na noite desta terça-feira contra a morte do dançarino do programa Esquenta Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG. Alguns manifestantes atearam fogo em objetos, fazendo barricadas em alguns pontos das vias. A estação do metrô na rua Sá Ferreira, nas proximidades da favela, foi fechada.

O corpo de Douglas, 25 anos, foi encontrado dentro de uma escola municipal, na favela, por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A  assessoria de imprensa do Comando de Polícia Pacificadora informou que a polícia foi chamada por moradores para retirar um corpo encontrado dentro da escola, que não tinha sinais de bala.

Segundo a ONG Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, com base em denúncia de moradores, a morte do rapaz foi consequência de espancamento, por policiais da UPP.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML), segundo o Jornal da Globo,  aponta que o jovem morreu por causa de uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente". Laudo preliminar feito pela Polícia Civil aponta a existência de escoriações compatíveis com as provocadas por queda, segundo a assessoria da corporação.

De acordo com a Civil, a 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema) disse que as circunstâncias da morte de DG estão sendo investigadas. Os policiais civis vão ouvir o depoimento de testemunhas e moradores. 

Fonte: Terra
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