PUBLICIDADE

Polícia

Governo federal vai a AL após modelo ser enterrado com balas

5 jan 2012 - 19h24
(atualizado às 20h29)
Compartilhar

Odilon Rios
Direto de Maceió

Em meio à polêmica causada pelo enterro de um modelo em Alagoas - morto a tiros, ele foi sepultado com as balas no corpo por falta de estrutura no Instituto Médico Legal (IML) -, a Secretaria Nacional de Segurança enviou representantes ao Estado para buscar soluções na perícia oficial e na apuração dos assassinatos. Alagoas é líder nacional em homicídios.

Eric Ferraz foi morto com cinco tiros na festa de Ano-Novo em Viçosa, município na Zona da Mata alagoana. Segundo as investigações da Polícia Civil, um homem identificado como Judarley Leite de Oliveira teria paquerado a namorada de Eric. O modelo tomou satisfações e foi assassinado. O irmão de Judarley, que é policial civil, está preso pelo crime.

O caso ganhou repercussão porque o pai do modelo, Edglenes Santos, acorrentou-se em uma praça e fez greve de fome. Exigiu ser recebido pelo governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Vilela conversou com ele nesta quinta-feira. "O governador me garantiu que o crime está sendo apurado", disse Santos.

No entanto, o laudo do IML não facilita a apuração, porque os peritos enterraram o corpo do modelo sem realizar a necropsia. Não se sabe, por exemplo, se foram uma ou duas armas que mataram o modelo e nem o calibre dos projéteis. "Isso é um absurdo. Enterrar o corpo com as balas. O laudo diz isso: que as balas ficaram no corpo da vítima", disse o promotor Anderson Cláudio. A seu pedido e da Polícia Civil, a Justiça autorizou a exumação para a retirada das balas.

Segundo a direção do IML, no dia da necropsia de Eric havia 16 corpos no instituto e apenas um legista. No laudo, explica-se que o exame ficou "incompleta". "Esse caso vai ser apurado por nós e quem for responsável será punido", disse o diretor Geral da Perícia, coronel Roberto Liberato.

"Não é normal se enterrar um cadáver com os projéteis", afirmou a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki. Ela está em Alagoas para cobrar do governo uma solução para a escalada de homicídios. Além de líder nacional em homicídios, Alagoas é o Estado brasileiro que mais mata jovens, segundo relatórios do Ministério da Justiça.

"É uma parceria. Queremos saber porque se mata, quem morre, o porquê disso e o que está sendo feito", disse a secretária. Ela também mencionou a construção de um novo IML e o levantamento das necessidades dos setores da segurança pública, mas não adiantou valores a serem investidos pelo governo federal.

O IML de Alagoas funciona, de forma improvisada, há 80 anos em um prédio no bairro do Prado, em Maceió, cedido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Em janeiro, o Ministério Público pediu o fechamento da unidade: até restos dos corpos eram jogados no lixo e a água que escorria dos cadávares ia parar no meio da rua.

Em crise, a segurança pública de Alagoas enfrenta um de seus piores momentos. Em levatamento realizado em todas as delegacias de Alagoas, o Sindicato dos Policiais Civis identificou 13 delegacias com risco de cair. Algumas funcionam em casas alugadas.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade