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Polícia

GO: 28º morador de rua é morto em menos de 8 meses

Polícia rebate hipótese de que grupo de extermínio estaria agindo nas ruas de Goiânia

15 abr 2013 - 15h44
(atualizado às 15h47)
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Com a morte registrada na madrugada desta segunda-feira, chega a 28 o número de assassinatos de pessoas que vivem nas ruas da capital goiana em menos de oito meses. Segundo o chefe da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), delegado Murilo Polati, dois crimes envolvendo moradores de rua foram registrados nas últimas horas na cidade. Além do homem de cerca de 40 anos, morto a facadas e pedradas e ainda não identificado, um rapaz de 21 anos foi atingido por dois tiros. Os projéteis, supostamente de calibre 22, acertaram o braço e as pernas da vítima.

O rapaz está internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e não corre risco de vida. Segundo o delegado, ele vivia na rua há cerca de dois meses. Em depoimento à polícia, o rapaz admitiu vender drogas para sustentar o próprio vício e apontou o seu fornecedor, a quem devia dinheiro, como o autor dos disparos. Outro morador de rua que testemunhou o crime também já prestou depoimento. A polícia pediu à Justiça a prisão preventiva do homem acusado de ter atirado.

De acordo com o delegado, o assassinato do homem ainda não identificado está sendo apurado. Nenhuma testemunha foi identificada até o momento e não há imagens que ajudem a polícia a solucionar o crime. Mesmo assim, o delegado diz que, considerando a forma como a vítima foi morta, a hipótese mais provável é de que o crime tenha ocorrido depois de uma briga entre moradores de rua. Ele garante que todas as possibilidades serão apuradas.

Ainda segundo Polati, ao menos 18 das 29 mortes de moradores de rua estão relacionadas a disputas motivadas por uso ou vendas de drogas, sobretudo do crack. O delegado rebateu as denúncias de que as mortes estariam associadas à atuação de um grupo de extermínio que contaria com a participação ou a conivência de policiais e de autoridades do governo estadual.

"Vejo uma tentativa de politizar o assunto. O que me parece é que a morte de um morador de rua tem mais peso do que a vida dele, porque vejo muito pouco sendo feito para tirá-los da rua. Vejo as críticas e as acusações às polícias Civil e Militar e penso que (enquanto estavam vivas) essas pessoas não receberam a mesma atenção", disse o delegado.

Entre as autoridades que declararam a existência de "fortes indícios" de que os moradores em situação de rua de Goiânia estejam sendo mortos por grupos de extermínio está o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Gabriel Rocha. "Há uma política de extermínio em curso", afirmou. 

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, também sustenta a suspeita de que agentes públicos estejam envolvidos com os crimes. "Os relatos que tivemos por parte da força-tarefa são preocupantes, de acordo com o que foi dito pelos moradores de rua, pelas características dos assassinatos, há fortes indícios de que há uma sistemática de extermínio, de execuções sumárias", disse Damous no início do mês.

Agência Brasil Agência Brasil
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