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Polícia

Filho de presidente da Assembleia de RO tem prisão preventiva decretada

4 jul 2013 - 21h03
(atualizado às 21h09)
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O filho do deputado Hermínio Coelho (PSD), presidente afastado da Assembleia Legislativa de Rondônia, Roberto Rivelino Guedes, teve prisão preventiva decretada pela Justiça do Estado nesta quinta-feira. A decisão faz parte da ação deflagrada hoje pela Polícia Civil de Rondônia, que apura crimes relacionados ao financiamento, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, envolvendo empresários e políticos locais. Batizada de Apocalipse, a operação, iniciada em dezembro de 2011, investigou 27 empresas e 98 pessoas, entre elas cinco vereadores e cinco deputados estaduais.

Na casa de Roberto, foram encontradas notas fiscais de postos de gasolina e documentos bancários. A suspeita é que a quadrilha captava recursos por meio de lavagem de dinheiro e financiavam campanhas políticas, pedindo, em troca, benefícios como a nomeação de funcionários fantasmas e até mesmo demandas políticas

A organização criminosa atuava em Rondônia, mas tinha ramificações em seis Estados - Acre, Amazonas, Mato Grosso, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo e Paraná - e no Distrito Federal. De acordo com a investigação, só em Rondônia, a quadrilha acumulou patrimônio de R$ 33,5 milhões, que incluía 200 veículos (R$ 7,5 milhões), 25 imóveis (R$ 22,5 milhões) e cotas de empresas no valor de R$ 3,5 milhões.

"A quadrilha passou a também buscar o poder político, por meio do financiamento de campanhas de pretensos candidatos a cargos eletivos, com o compromisso de que, uma vez eleitos, tais políticos nomeassem pessoas indicadas pela organização para serem laranjas e até mesmo para trabalhar nos gabinetes", disse o secretário de Segurança Pública de Rondônia, Marcelo Bessa. Segundo ele, a quadrilha tinha ainda demandas referentes à atividade parlamentar.

Conforme as investigações, vereadores, empresários e funcionários públicos estão envolvidos com o esquema. A participação de vereadores e deputados estaduais nos crimes investigados fez com que a Justiça determinasse a suspensão da função parlamentar por 15 dias, prorrogáveis por mais 15, para não prejudicar o andamento das apurações.

"Ela (a quadrilha) tinha uma veia política, estendida basicamente no âmbito do Poder Legislativo Municipal e Estadual. Temos cinco deputados sendo investigados, entre eles, o presidente da Assembleia. A Justiça decretou o afastamento deles. Cinco vereadores estão sendo investigados, e três deles foram presos hoje. Então, temos parlamentares municipais e estaduais", ressaltou Bessa.

Bessa informou que, com a Operação Apocalipse, foram determinadas 64 prisões e 229 medidas cautelares, entre mandados de busca, apreensão e prisão, além de indisponibilidade de bens em nove Estados.

O presidente da Assembleia, Hermínio Coelho, afastado do cargo por ordem judicial, é investigado por crime de peculato. Ele é acusado de nomear para cargos comissionados na Casa pessoas indicadas pela quadrilha.

Os deputados Ana da 8 (PTdoB), Adriano Boiadeiro (PRP), Cláudio Carvalho (PT) e Jean Oliveira (PSDB), vice-presidente da Casa, foram proibidos de entrar na Assembleia e tiveram decretada a indisponibilidade de seus bens, além de busca e apreensão em seus domicílios e gabinetes e no Departamento Financeiro e de Recursos Humanos da Casa. De manhã, foram apreendidos documentos e computadores que serão periciados.

O secretário informou que o grupo operava ainda um esquema de fraude em empresas de cartões de crédito. Pessoas recrutadas pela quadrilha forneciam dados pessoais para fazer contratos, que não eram pagos, com as instituições financeiras.

Começou-se a demonstrar que a quadrilha tinha um viés de atuação voltado para fraudes bancárias e estelionato multimilionário, disse Bessa. Donos de concessionárias de veículos são suspeitos de participar do esquema, ajudando na lavagem de dinheiro. Um desses empresários foi preso nesta quinta-feira. Os 77 pedidos de prisão preventiva e temporária resultaram na detenção de 42 pessoas em Rondônia e seis em outros Estados.

Bessa classificou o esquema de sofisticado e disse que a polícia deverá abrir um inquérito específico sobre esse delito. "A perspectiva é instaurar exclusivamente um inquérito para o crime de lavagem de capitais, para apurar com mais profundidade e melhor produzir as provas", informou. A polícia deve apresentar à Justiça, em até 10 dias, o inquérito com as investigações não relacionadas ao tráfico de drogas. Para a investigação desse tipo de crime, a autoridade policial tem até 30 dias para apresentar o inquérito.

Agência Brasil Agência Brasil
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