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Polícia

Ex-senador é procurado em ação contra desvios no Sest/Senat

Operação da Polícia Civil do DF prendeu quatro suspeitas de desviar R$ 20 milhões em dois anos

19 set 2014 - 11h39
(atualizado às 13h51)
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<p>Um dos veículos apreendidos na operação</p>
Um dos veículos apreendidos na operação
Foto: Divulgação

O ex-senador Clésio Andrade é suspeito de participação em um esquema que teria desviado R$ 20 milhões do sistema Sest/Senat em dois anos. O empresário, que foi presidente da Confederação Nacional de Transporte (CNT), é procurado para prestar depoimento por uma operação iniciada nesta sexta-feira, que prendeu três funcionárias e uma ex-diretora do sistema.

Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, as suspeitas, que ocupavam altos cargos no sistema, contratavam prestadores de serviço de fachada ou superfaturados para desviar recursos do órgão. Elam também teriam recebido de forma irregular gratificações desproporcionais, que foram justificadas em atos normativos supostamente fraudados.

Foram presas nesta sexta-feira Maria Pantoja, que foi diretora-executiva no Sest/Senat entre 1995 e 2013 e trabalha em uma diretoria ligada à CNT, a coordenadora de contabilidade, Jardel Soares, a coordenadora de administração, Nilmara Chaves, e a assessora especial da editoria-executiva Anamary Socha. A polícia ainda tenta cumprir um quinto mandado de prisão. O patrimônio das quatro detidas gira está estimado em R$ 35 milhões.

Na casa de investigados, foram apreendidos 16 carros, alguns de luxo. Na residência de um dos prestadores de serviço, foram encontrados R$ 180 mil fora de um cofre, que ainda não foi aberto. Entre os serviços suspeitos, o pagamento de mais de R$ 1 milhão por ano para um funcionário que cuidava de plantas da sede do Sest/Senat, mesma quantia empregada para um lava-jato que lavaria carros do sistema.

A investigação teve início a partir de uma auditoria feita pela Controladoria Geral da União, que fez um pente-fino em rendimentos de funcionários que recebiam mais de R$ 300 mil por ano. No caso de Maria Pantoja, a movimentação financeira superava os R$ 26 mil que recebia por cada uma das duas diretorias que ocupava, segundo a polícia. Os recursos do Sistema S, do qual o Sest/Senat faz parte, vêm de arrecadação compulsória sobre a folha de pagamentos de empresas.

“Essas pessoas não se contentaram em adquirir uma mansão, mas adquiriram duas, três, quatro. Não se contentaram em adquirir um carro de luxo, mas adquiriram três, quatro, cinco, seis. E isso foi deixando rastros”, disse o delegado-adjunto Luis Fernando Costa de Araújo. “É um dia triste para o transporte do Brasil, que vê esse dinheiro sendo empregado na manutenção dos mimos dessas pessoas.”

Contra Clésio Andrade, foi emitido um mandado de busca e apreensão na casa dele em Belo Horizonte e um mandado de condução coercitiva (ser levado pela polícia para prestar depoimento). Até o fim da manhã desta sexta, ele não havia sido encontrado. Se ele não se apresentar ainda hoje, a polícia deve pedir a prisão temporária do ex-parlamentar.

A polícia suspeita da participação do ex-senador porque, na condição de presidente da CNT, enviou um documento aos investigadores para justificar os pagamentos das gratificações. Para a Polícia Civil, há suspeita de que o documento foi fraudado. 

Durante entrevista coletiva nesta sexta-feira, o delegado-adjunto chegou a dizer que o ex-senador era suspeito de chefiar o grupo, mas o chefe da investigação, Fábio Santos de Souza, disse que ainda é prematuro concluir isso. “Ainda é prematuro dizer, o que traz ele é esse documento fraudado para justificar essa gratificação”, disse.

Filiado ao PMDB, Clésio é réu em um processo ligado ao mensalão mineiro e renunciou ao mandato neste ano, alegando problemas de saúde. Ele foi vice-governador no primeiro mandato do presidenciável Aécio Neves, entre 2003 e 2007. 

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Fonte: Terra
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