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Polícia

'Estrutura para intimidar criminoso é frágil', aponta especialista

Para ex-secretário nacional de Segurança Pública, crimes violentos - como o latrocínio - estão ligados à baixa eficácia no combate ao crime

17 jul 2013 - 08h42
(atualizado às 08h42)
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A falta de uma estrutura mais robusta e eficaz para combater roubos e furtos faz com que os criminosos se arrisquem mais, o que coloca a vítima em uma situação mais vulnerável em relação à sua própria vida. Em alta desde 2010, os casos de latrocínio - roubos seguidos de morte - no Estado de São Paulo têm se repetido cotidianamente em uma média que supera uma morte por dia. Somente nos cinco primeiros meses de 2012 foram 175 mortes contra 156 no mesmo período do ano passado.

Criminoso troca habilidade do furto pela agressividade do assalto

SP: Em alta, latrocínios chocam pela violência aplicada contra vítimas

"É muito claro que nós temos estrutura de intimidação ao criminoso muito frágil", afirma o professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM de São Paulo e ex-secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho.

De acordo com ele, apesar de os casos de latrocínio serem uma pequena parte do total de crimes praticados, são preocupantes. "Medo não tem a ver com índice de criminalidade. É o grau de risco percebido pela pessoa. E o grau de risco não tem experiência direta com a violência. Esse tipo de caso acaba sendo colocado no centro do noticiário porque são crimes mais graves, mas mais raros se comparados ao todo", diz ele.

Foto: Arte Terra

Ele exemplifica dizendo o total de mortes no trânsito, por exemplo, é de sete a dez vezes mais recorrente do que os casos de latrocínio. "No geral, em casos de morte, estupro, roubo, apenas 3% dos criminosos são presos após a realização de investigações. Isso faz com que o 'custo' seja baixo para o criminoso e isso estimula a prática. Quando se tem mais crimes, alguns deles terão expressão mais violenta", afirma.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/crimes-banais/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/crimes-banais/iframe.htm">veja o infográfico</a>

De acordo com ele, somente na cidade de São Paulo, estima-se que ocorram cerca de 500 assaltos por dia. "E não há uma resposta à altura para isso. É um acinte, não se faz nada. Falta uma capacidade de se dar uma resposta eficiente ao crime", diz.

"Os criminosos ficam à espreita de oportunidades de baixo risco. Em uma época houve uma sequência de assaltos às joalherias. Foram presos praticamente todos. Quando se dá uma resposta o crime cai. O bandido migra para outra prática que cobre dele riscos menores", diz Silva Filho.

Segundo ele, a percepção do risco por parte do criminoso faz com que ele diminua a intensidade com que ele pratica o crime. "O custo para ele fica mais pesado. O criminoso passa a ser mais cauteloso e isso significa uma redução no número de crimes".

Para Silva Filho, uma mudança na lei de execuções penais poderia ser um passo para inibir a prática de crimes e restringir o número desses criminosos. "É preciso criar dificuldades para a progressão de pena, inclusive com punições eficazes para faltas graves dentro dos estabelecimentos prisionais", diz ele.

O ex-secretário afirma que a valorização do policial também é essencial para que resultados melhores no combate ao crime possam ser percebidos pela população. "O salário ruim deteriora condições de trabalho de qualquer trabalhador. Para produtividade. Não capacita e não motiva", diz ele.

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/brasil/infograficos/criancas-homicidios/iframe.htm" href="http://noticias.terra.com.br/brasil/infograficos/criancas-homicidios/iframe.htm">veja o infográfico</a>
Fonte: Terra
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