Essa guerra tem mais de 20 anos, diz morador de morro
- Andrea Bruxellas
- Direto do Rio de Janeiro
Morador do Morro dos Macacos há 15 anos, o entregador de jornal Mario Vilson tentava voltar para casa na tarde deste sábado. Ele deixou o local com a família na madrugada, quando o tiroteio entre traficantes rivais na favela da zona norte da capital fluminense começou. "Essa guerra tem mais de 20 anos e nunca vai terminar", disse,
A confusão começou por volta das 1h deste sábado, de acordo com a Polícia Militar. Traficantes de uma facção rival, do Morro São João, invadiram a favela, o que provocou um tiroteio. Por volta das 10h, criminosos alvejaram um helicóptero da PM e obrigaram o piloto a fazer um pouso forçado. A aeronave pegou fogo no ar e explodiu quando tocou o chão. Dois policiais morreram, segunda a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
De acordo com o entregador de jornal, o último confronto entre traficantes no morro dos Macacos ocorreu há cerca de dois anos. "Havia boatos de que traficantes da São João tentariam invadir a nossa comunidade para controlar o tráfico. Achamos que seria somente boato, Mais uma vez fui acordado por tiros", afirmou.
Vilson conseguiu deixar a sua casa para trabalhar quando a Polícia Militar iniciou uma operação na tentativa de controlar o tiroteio no morro. "É muito triste isso tudo. Não sei quando vamos ter paz", disse.
Sábado de violência
O sábado de violência na zona norte do Rio de Janeiro começou por volta da 1h, quando traficantes do morro São João invadiram o morro dos Macacos. De acordo com a PM, houve intenso tiroteio entre as quadrilhas rivais e pelo menos três pessoas morreram. Eles seriam membros de uma das gangues.
No início da manhã, moradores iniciaram uma mobilização, queimando pneus e outros objetos. Por volta das 9h, cerca de 120 homens da Polícia Militar iniciaram uma operação no Morro dos Macacos e no morro São João. Após uma hora do início da ação, o helicóptero utilizado pelos policiais foi alvejado a tiros disparados por traficantes, de acordo com a PM.
A aeronave pegou fogo no ar e obrigou o piloto a fazer um pouso forçado em um campo da Vila Olímpica de Sampaio, mas explodiu ao tocar o solo. Dos seis ocupantes, dois morreram carbonizados dentro do helicóptero e quatro foram encaminhados ao hospital de Andaraí.
Pelo menos 10 ônibus foram incendiados na zona norte do Rio de Janeiro no início da tarde. Até as 14h, a polícia evitava relacionar o fogo nos veículos com a violência no morro dos Macacos. Segundo a PM, duas escolas também foram incendiadas.
Os policiais cercaram o morro dos Macacos, a favela de São João, de onde teriam partido os traficantes, e a localidade São Carlos. Conforme a PM, moradores dessa última favela seriam aliados aos criminosos de São Paulo e teriam apoiado a invasão ao morro dos Macacos.
Em balanço parcial, a polícia confirma pelo menos cinco mortes. Além dos dois PMs na explosão do helicóptero, três criminosos teriam sido mortos durante o tiroteio na madrugada. Três moradores e outros quatro policiais - que ocupavam o helicóptero - ficaram feridos.