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Polícia

Escutas mostram policiais pedindo propina a traficantes em SP

21 jul 2013 - 23h39
(atualizado às 23h39)
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Policiais do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) de São Paulo foram flagrados em escutas telefônicas pedindo propina a traficantes do Estado para não prendê-los. Eles recebiam até R$ 300 mil por ano, segundo o promotor José Cláudio Tadeu Baglio, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Os policiais chegaram a sequestrar parentes dos bandidos pra conseguir mais dinheiro. “São pessoas violentas e que deixaram de fazer aquilo que é esperado pela sociedade, que é o combate ao tráfico de drogas”, disse o promotor. Treze policiais, entre eles dois delegados, tiveram a prisão decretada. As escutas mostram a relação dos acusados com traficantes ligados a um dos bandidos mais perigosos do País, Wanderson de Lima, o Andinho, condenado pelo assassinato do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em 2001. O escândalo, que veio à tona esta semana, começou quando o Gaeco estava investigando a quadrilha chefiada por Andinho. As informações são do Fantástico.

“Em determinado momento descobriu-se que policiais do Denarc estavam vindo à Campinas tomar dinheiro, extorquir esses traficantes que agiam sobre o comando de Andinho”, disse o promotor. Nas escutas telefônicas, um investigador do Denarc, segundo o MP, ameaça o traficante Agnaldo Aparecido Simão, o Codorna, apontado como gerente do bando de Andinho. O policial avisa que quer o dinheiro logo. “Eu não tenho nada a ver com os outros. Você sabe a minha pegada, você sabe como é que é. Certo?”, ameaça ele. Em outro trecho, Andinho revela que já pagou mais de R$ 2 milhões aos policiais e avisa que não vai mais fazer isso. “Eu vou falar pra você, cara, se quiser ficar dando dinheiro pra polícia, só que meu dinheiro ‘cê’ não vai ficar dando não, mano. O dinheiro que eu tinha, eu dei. Aí agora ‘tô’ devendo ainda. ‘Pro cê vê’, perdi meu dinheiro e ainda tô devendo, cara”, disse Andinho. Para continuar recebendo, de acordo com a investigação, os policiais chegaram a sequestrar parentes dos bandidos. “Familiares, inclusive, menores, de traficantes, dos filhos de traficantes”, afirma o promotor. Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, de janeiro até junho 98 policiais civis foram demitidos por corrupção e desvio de conduta. Por causa do escândalo no Denarc, ele afirma que, daqui para frente, “as diligências sejam previamente autorizadas”.

Fonte: Terra
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