Em manhã de enterro de atirador, cemitério tem gravação de filme
- Rodrigo Teixeira
- Direto do Rio de Janeiro
Na mesma manhã em que foi enterrado o corpo de Wellington Menezes de Oliveira, atirador que matou 12 alunos da escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, um filme era gravado no local, o Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio.
Veja fotos ampliadas do ataque à escola em Realengo
Veja como foi o ataque aos alunos em Realengo
Uma equipe gravou no local cenas do novo filme do ator e diretor José Wilker, Giovanni Improtta, que conta a história do personagem que ele interpretou em Senhora do Destino, de Aguinaldo Silva, em 2004.
Toda a movimentação levou ao local integrantes de uma escola de samba e também mulatas seminuas, o que acabou incomodando parentes de pessoas que estavam sendo enterradas no local.
"Hoje é um dia de luto. É um desrespeito trazer esse carnaval para cá. Quem autorizou isso não tem coração, deviam fazer isso em um horário no qual não acontecesse enterros", disse um homem que acompanhava um enterro e preferiu não se identificar.
Amanda Maria e Silva, 65 anos, condenou a presença de uma escola de samba no cemitério e tão próximo ao local onde se vela os mortos. "Hoje (Sexta-Feira Santa) é um dia de reflexão. Vim aqui enterrar uma amiga, e escuto um samba, mulher nua. E tenho que achar bonito? Isso é profano" disse.
Atentado
Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e se suicidou logo após o atentado. Segundo a polícia, o atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.
Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.