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Polícia

Em interrogatório, seguranças garantem que PC foi morto por Suzana

Adeildo Costa dos Santos trabalhava como segurança de PC na época em que o empresário foi assassinado

9 mai 2013 - 18h00
(atualizado às 18h55)
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<p>Adeildo Costa dos Santos foi o primeiro réu a ser interrogado</p>
Adeildo Costa dos Santos foi o primeiro réu a ser interrogado
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press

O policial militar Adeildo Costa dos Santos, 51 anos, trabalhava como segurança de Paulo César Farias quando o empresário e ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência da República foi morto, em 23 de junho de 1996. Primeiro réu a depor no julgamento dele e de Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva - seguranças de PC na época -, Adeildo afirmou que acredita que Suzana Marcolino matou o empresário e cometeu suicídio depois.

Ele falou ao juiz Maurício Breda que ouviu comentários de que o ex-patrão iria acabar o namoro com Suzana. O réu estava trabalhando na casa de praia de PC Farias na noite que antecedeu o crime e negou que tenha cumprido a ordem de um familiar de Paulo César Farias para deixar a residência e facilitar a morte de Suzana.

Ele disse ainda que não ouviu barulhos de disparos de armas. "Jamais eu ia imaginar que uma coisa daquela aconteceria ali naquela casa", disse o policial. Adeildo relatou que PC Farias viajava muito, gostava de beber e tinha um relacionamento "normal" com a mulher, Elma Farias.

A negativa do réu aconteceu depois que o juiz perguntou por que Adeildo, Geraldo e outro segurança da época, identificado como Genival, deixaram a casa de praia em Guaxuma, por volta das 2h, e foram até a localidade de Garça Torta para buscar um CD em um “palhoção de festa junina".

"Fomos buscar o CD e voltamos. Não recebi ordem de ninguém para deixar o local e facilitar o assassinato, nem sabia de qualquer coisa desse tipo", declarou ele. Já sobre o relacionamento de PC Farias com o irmão, Augusto Farias, o PM disse que os dois não andavam tão juntos e que as visitas não eram frequentes. A Promotoria e a defesa não quiseram fazer perguntas ao réu. O juiz Maurício Breda, então, recuperou o primeiro depoimento do policial e apontou contradições, como o fato de Adeildo não ter dito anteriormente que foi à Garça Torta e porque afirmou, no primeiro relato, que antes de ir para casa foi buscar os outros dois seguranças e depois foi embora.

"Tenho certeza"

Segundo réu a falar, José Geraldo da Silva corroborou a fala de seu ex-colega e disse ter certeza de que PC Farias foi vítima de um crime passional. "Eu tenho certeza que ela (Suzana) matou (PC Farias) e se matou", disse o segurança. Questionado pelo juiz Maurício Breda no que se baseava para fazer tal afirmação, o PM reformado respondeu: "(tiro a certeza) da perícia, da minha pessoa e do meu amigo que trabalhou à noite, na certeza de que não entrou ninguém naquela noite". O juiz, porém, insistiu: "qual das perícias? Uma delas diz que foi homicídio seguido de suicídio, e outra fala em duplo homicídio". José Geraldo, porém, se manteve fiel à versão inicial.

Os questionamentos do juiz se centraram principalmente na informação de que Adeildo e outros dois seguranças haviam deixado a casa de praia de PC Farias na madrugada do crime, levantando suspeitas de que estariam facilitando o assassinato do casal. José Geraldo, porém, negou que qualquer pessoa estranha tenha entrado na casa durante a madrugada. "A última vez que falei com o PC foi às 4h. Não sei o horário exato da morte de PC, mas foi depois desse horário. (...) Eu estava na casa trabalhando, na segurança na beira da piscina, em um quiosque. Não dormi", alegou.

O juiz perguntou ainda se o segurança chegou a trabalhar para algum outro familiar de PC Farias, ao que ele respondeu que não recebia ordens de outra pessoa. Entretanto, disse que, desde a morte do empresário, trabalha como segurança e motorista dos filhos dele, que estão sob a tutela do tio Augusto Farias.

Desabafo

Já o policial militar Josemar Faustino dos Santos, terceiro réu a ser ouvido, disse desconhecer a informação de que colegas teriam abandonado o trabalho no meio da madrugada. "Não era costume deles, nunca soube de algo assim", afirmou. Quando o juiz abriu espaço para suas últimas manifestações, Josemar fez um desabafo: "Se arrombar janela é crime, então eu cometi um grande crime".

Josemar foi um dos seguranças que teriam arrombado a janela do quarto de PC Farias antes de encontrar o casal morto sobre a cama. Segundo ele, tal medida foi tomada porque a porta do cômodo estava trancada.

O crime
Os PMs trabalhavam como seguranças de PC Farias e são acusados de homicídio qualificado por omissão. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.

Advogado critica postura de perito no júri do caso PC Farias:

Entretanto, a primeira versão do caso, que foi apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Suzana teria assassinado o namorado e, na sequência, tirado a própria vida. A versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.

Fonte: Terra
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