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Polícia

Ela estava muito despreocupada, diz primo de juíza assassinada

12 ago 2011 - 11h37
(atualizado às 11h52)
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Assassinada com ao menos 15 tiros quando chegava em casa na noite da última quinta-feira em Piratininga, região oceânica de Niterói (RJ), a juíza Patrícia Lourival Acioli, 47 anos, tinha se mudado para a cidade há menos de três meses. Segundo Humberto Nascimento, primo da magistrada da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, ela morou durante muito tempo em Pendotiba e depois em um prédio na zona sul de Niterói, comprando e reformando o imóvel por preferir morar em casa, pelos filhos e os cães de estimação.

A juíza Patrícia Acioli morava há menos de três meses em Piratininga e levava uma vida simples
A juíza Patrícia Acioli morava há menos de três meses em Piratininga e levava uma vida simples
Foto: Reprodução

"Era uma proposta de vida essa mudança. Ela estava tão despreocupada que o carro não era blindado e a casa não tinha portão eletrônico. Ela ia sair do carro para abrir o portão. Ou seja, essa coisa (crime) foi encomendada, de profissional", acredita o primo da vítima. Ele relatou que ela estava sendo ameaçada por milicianos e traficantes. A magistrada foi a primeira assassinada pelo crime organizado no Rio de Janeiro e teve a segurança pessoal retirada por odem do então presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, Luiz Sveiter, hoje presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Segundo Humberto Nascimento, a juíza começou sua carreira como defensora pública na Baixada Fluminense. Na época, ela chegou a ter o carro metralhado. Patrícia Acioli exercia a função de juíza há cerca de 20 anos e estava há 12 anos na Vara de São Gonçalo. "Ela recebia ameaças há pelo menos cinco, seis anos. Sempre conversávamos nos encontros de família e ela relatava que recebia ameaças, mas evitava entrar em detalhes para não assustar as pessoas. Era uma rotina, mas ela já nem ligava mais para isso, pois é rotina de um juiz criminal ser ameaçado", afirmou Nascimento.

"Ela não cedia. Para você ver, ela era juíza há 20 anos e morava numa casa sem luxo nenhum. O carro não era blindado, era um veículo popular inclusive, e várias vezes ofereceram dinheiro para ela liberar condenados, mas ela nunca libertou. Era uma pessoa corretíssima. Pode investigar o passado dela mesmo", disse o primo da vítima. Patrícia estava numa "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro deste ano em Guarapari (ES). Ele é considerado chefe do grupo de extermínio investigado por ao menos 15 mortes em São Gonçalo nos últimos três anos. O presidente do TJ, Manoel Alberto Rebelo dos Santos, esteve no local do crime e disse que ela já havia recebido ameaças.

Investigação será feita no Rio de Janeiro

Policiais da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói e São Gonçalo iniciaram uma perícia no local do crime, mas por determinação da chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, a DH do Rio de Janeiro também periciou o local até o fim da madrugada e assumiu as investigações.

O veículo da vítima e um computador com as imagens do sistema de monitoramento de segurança da associação de moradores do Jardim Imbuí, em Piratininga, estão na sede da delegacia, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste.

Juíza estava em "lista negra" de criminosos

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados pelo menos 15 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.

Fonte: O Dia
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