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Polícia

Dom Orani diz que situação de presídios é questão não resolvida no Brasil

CNBB organiza caminhada para chamar atenção da sociedade para os problemas no sistema penitenciário do Maranhão e outros Estados

22 jan 2014 - 14h43
(atualizado às 14h56)
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O arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, após encontro com a presidente Dilma Rousseff
O arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, após encontro com a presidente Dilma Rousseff
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, disse nesta quarta-feira que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) organiza para o dia 2 de fevereiro uma caminhada no Maranhão. O objetivo é chamar a atenção da sociedade para os problemas no sistema penitenciário do Estado. Segundo ele, assim como a população, os bispos do Maranhão estão preocupados com a situação.

"Essa questão dos presídios é uma questão ainda não resolvida em nosso país. Por mais que haja novos presídios, novas tentativas, ainda não conseguimos resolver como fazer com que as pessoas sejam reeducadas, tenham uma maneira nova de convivência, que possam voltar para a sociedade. Os bispos do Maranhão, vendo o que está acontecendo, têm toda a necessidade de chamar a atenção para tentar resolver ou, pelo menos, encaminhar alguma solução", destacou, ao sair de encontro com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.

Além disso, de acordo com o arcebispo, eleito recentemente cardeal pelo papa Francisco, a Igreja pretende incrementar as parcerias nas ações de combate às drogas para "aumentar a qualidade de vida das pessoas".

Dom Orani Tempesta esteve com a presidente durante a manhã. "Vim para agradecê-la pelas mensagens que mandou por ocasião da minha nomeação, da minha eleição, seja pelo Twitter, seja pela televisão. Ela foi muito gentil ao falar ao povo todo na sua mensagem [à Rede Vida]. [Vim também] convidá-la para ir nos dias 22 e 23 [de fevereiro] a Roma para o Consistório, para a celebração do santo papa. Ela ficou bastante animada e talvez, se conseguir possibilidade, também irá a Roma."

Durante o encontro, a presidente relembrou com entusiamo a Jornada Mundial da Juventude. Sem dar detalhes, o cardeal disse que a ajuda financeira enviada pelo papa ainda está sendo transferida para pagar a dívida deixada pelo evento. Segundo ele, aos poucos o valor será quitado, mas ainda restarão outros empréstimos.

O cardeal disse que o tema eleições não foi tratado durante a conversa. Lembrou, no entanto, que a Igreja vai continuar trabalhando para esclarecer as pessoas para que tenham consciência na hora de votar.

Violência no Maranhão
O Estado do Maranhão enfrenta uma crise dentro e fora do sistema carcerário que tem como principal foco o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 59 detentos foram mortos no presídio somente em 2013, o que revelou uma falta de controle no local.

No dia 3 de janeiro, uma onda de ataques a ônibus em São Luís mobilizou a Polícia Militar nas ruas da capital maranhense e dentro do presídio, já que as investigações apontam que as ordens dos atentados partiram de Pedrinhas.

Nos ataques do dia 3, quatro ônibus foram incendiados e cinco pessoas ficaram feridas, incluindo a menina Ana Clara Santos Sousa, 6 anos, que morreu no hospital alguns dias depois, com 95% do corpo queimado.

A questão dos problemas no sistema prisional maranhense ganhou mais destaque no dia 7 de janeiro, quando o jornal Folha de S. Paulo divulgou um vídeo gravado em dezembro, onde presos celebram as mortes de rivais dentro do complexos. Após essas imagem de presos decapitados serem divulgadas, o governo Roseana Sarney passou a ser pressionado pela Organização das Nações Unidas, pela Anistia Internacional, pelo CNJ e até pela Presidência da República.

No dia 10 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff divulgou pelo Twitter que “acompanha com atenção” a questão de segurança no Maranhão. O Governo Federal passou a oferecer vagas em presídios federais, ao mesmo tempo em que a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) visitou o complexo de Pedrinhas.

No dia 14 de janeiro, um grupo de advogados militantes na defesa dos direitos humanos protocolou na Assembleia Legislativa do Maranhão um pedido de impeachment contra a governadora Roseana Sarney. Segundo o grupo, composto por nove advogados de São Paulo e três do Maranhão, a governadora incorreu em crime de responsabilidade porque não teria tomado providências capazes de impedir a onda de violência que deixou mortos e feridos dentro e fora do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, desde o início do ano.

Em 16 de janeiro, o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo (PMDB), decidiu arquivar o pedido de impeachment após parecer técnico da assessoria jurídica da Casa. O arquivamento do processo foi feito sob a justificativa de que o pedido "é inepto e não tem condições de ser conhecido".

Agência Brasil Agência Brasil
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