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Polícia

Delegado sobre negociar rendição de Nem: ele é um arquivo vivo

11 nov 2011 - 21h55
(atualizado às 22h00)
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O subchefe operacional da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Fernando Velloso, afirmou nesta sexta-feira que havia uma negociação para a rendição do líder do tráfico de drogas na favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, há pelo menos 10 dias. "Ele é um arquivo vivo de informações. Nos interessava saber o que ele tinha para falar", disse Velloso, em entrevista coletiva.

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O delegado afirmou que as negociações começaram quando um policial o procurou dizendo que o advogado de Nem havia feito contato, dizendo que o traficante pretendia se entregar. Com a autorização para a continuidade dos contatos, Velloso disse que garantiria a Nem o que é previsto em lei, que é a sua integridade física.

Segundo o subchefe, horas antes de Nem ser preso pela Polícia Militar ao tentar fugir no porta-malas de um carro, na quinta-feira, o advogado do criminoso informou que ele iria se entregar na 15ª DP (Gávea). Os PMs do Batalhão de Choque que efetuaram a prisão disseram que três policiais civis da 82ª DP (Maricá) foram ao local e tentaram evitar que o traficante fosse levado para a sede da Polícia Federal, como estava previsto. Os agentes prestaram esclarecimentos hoje na Corregedoria.

Velloso destacou que o trio foi autorizado por um delegado a realizar a operação assim que o defensor do traficante fez contato sobre a rendição. "Venho a público esclarecer que os policiais civis estavam em uma missão legítima e legal, que foi autorizada por mim", disse. Velloso. De acordo com o delegado, foi determinado por ele que a Corregedoria da Polícia Civil (Coinpol) e a Coordenadoria de Recursos Especiais(Core) acompanhassem a possível rendição de Nem.

A prisão de Nem
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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