PUBLICIDADE

Polícia

Defesa inicia argumentação; sentença deve atrasar ainda mais

26 mar 2010 - 15h23
(atualizado às 15h54)
Compartilhar
Fabiana Leal
Direto de São Paulo

O advogado de defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Roberto Podval, iniciou sua argumentação com mais de meia hora de atraso na tarde desta sexta-feira no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo. Após escutar a fala do promotor Francisco Cembranelli, Podval terá direito a expor seus argumentos para absolver o casal por duas horas e meia. Com o atraso de cerca de 45 minutos, o horário do anúncio da sentença do casal também deve mudar. A previsão inicial era de que o juiz se pronunciasse à 1h.

Juiz decidirá futuro do casal Nardoni nesta sexta:

Se houver necessidade, após a fala de Podval, o promotor pode optar por uma réplica que pode resultar em tréplica da defesa - cada uma com duração de cerca de duas horas. O tempo de debate pode ser prolongado ainda mais em função de acordo entre as partes e dependendo da anuência do juiz. Após ser encerrada a fase dos debates, o Conselho de Sentença (formado pelos sete jurados) se reunirá na Sala Secreta com o magistrado, promotor e advogados para a votação dos quesitos.

O veredicto - absolvição ou condenação - será proferido após a apuração da votação secreta do Conselho de Sentença. Em seguida, o juiz Maurício Fossen fará a leitura da decisão do júri no Plenário e, caso Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sejam condenados, estabelecerá a pena ao casal.

Promotor

Cembranelli encerrou sua argumentação por volta das 13h utilizando de ironia com relação à defesa do casal. "A Ana (Carolina Oliveira, mãe de Isabella) escolheu a versão da promotoria devido ao histórico dela de convivência com o Alexandre. A família Nardoni foi acionada judicialmente para pagar uma pensão irrisória para Isabella, e isso não era preciso", afirmou. "Vejam, por exemplo, quanto a família deve pagar para o renomado escritório do doutor (Roberto) Podval e quanto deve ter pago para o perito Jorge Sanguinetti."

Cembranelli também destacou o papel da defesa na dispensa das testemunhas, arroladas por ela. Ele disse ter ficado surpreso, porque veio para o júri esperando uma "tsunami" prometida pela defesa, o que não aconteceu.

O promotor também ironizou o teste feito pela defesa com o reagente químico Bluestar, para provar que os mesmos resultados são obtidos usando resíduos de sangue ou de banana. "Não é qualquer um que pode comprar um kit por aí e aplicar o teste. Um potinho de banana", afirmou. "Será que só havia banana ali dentro ou teria sangue dentro do pote também?" Nesse momento, o advogado Roberto Podval respondeu com a frase "vou te mostrar o que é uma banana".

Cembranelli destacou ainda que, se Isabella tivesse sido assassinada por uma terceira pessoa, não haveria tanto cuidado em esconder as provas. "Se uma terceira pessoa tivesse matado Isabella, por que ela jogaria a menina pela janela?".

Para o promotor, esse agressor teria deixado a menina na cama e os familiares só perceberiam a morte dela no dia seguinte. "Se houve mesmo uma terceira pessoa, ela mostrou generosidade ao limpar o sangue no chão, devolver a tesoura na cozinha e ainda lavar uma fralda", ironizou Cembranelli mais uma vez.

O caso

Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.

O júri popular do casal começou em 22 de março e deve durar cinco dias. Pelo crime de homicídio, a pena é de no mínimo 12 anos de prisão, mas a sentença pode passar dos 20 anos com as qualificadoras de homicídio por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e tentativa de encobrir um crime com outro. Por ter cometido o homicídio contra a própria filha, Alexandre Nardoni pode ter pena superior à de Anna Carolina, caso os dois sejam condenados.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade