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Polícia

Defesa de vigia se irrita com delegado: "devia estudar um pouco"

O delegado Antonio Assunção de Olim discutiu com Arlyndo de Paula, advogado de defesa de Evandro Bezerra da Silva

29 jul 2013 - 21h33
(atualizado às 22h11)
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O delegado Antonio Assunção de Olim discutiu com Arlyndo de Paula, advogado de defesa de Evandro Bezerra da Silva durante interrogatório realizado nesta segunda-feira no Fórum de Guarulhos. Ex-integrante do do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, Olim se mostrou bastante impaciente ao final das três horas de perguntas no júri popular do vigia, acusado de ser cúmplice de Mizael Bispo no assassinato de Mércia Nakashima.

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Em diversos momentos a juíza Maria Gabriela Riscali precisou intervir e chegou a advertir Olim por não responder as perguntas feitas pelo advogado de defesa. “Posso fazer uma pergunta”, questionou o delegado. De prontidão, a juíza disse: “não, o senhor está aqui apenas para responder perguntas.”

Olim, que hoje atua em outro departamento, acusou Arlyndo de querer “tumultuar” o julgamento. “Doutor, onde o senhor quer chegar com essa pergunta? Isso não vai mudar em nada”, disse o ex-delegado do DHPP, que conduziu as investigações da morte de Mércia em maio de 2010. “Na sua ótica não vai mudar. Você não está em sua delegacia, doutor”, respondeu de Paula, mais incisivo.

O vigia é acusado de ter colaborado com a fuga de Mizael Bispo, condenado em 14 de março a 20 anos de prisão pela morte de Mércia, que na ocasião era sua ex-namorada. A acusação sustenta que Evandro não teve participação direta na morte, mas que sabia que Mizael tinha a intenção de cometer o crime. Mércia foi vítima de disparos de arma de fogo e foi lançada, no interior de seu veículo, dentro de uma represa no município de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.

Após mais uma pergunta que desagradou Olim, o delegado respondeu e foi repreendido pela juíza “Não vou fornecer essas informações porque é uma investigação minha”, afirmou o delegado, que prontamente teve a resposta de Arlyndo. “O senhor precisa estudar um pouco. O sigilo não afeta o advogado”, afirmou Arlyndo.

A defesa de Evandro também insistiu na hipótese de que o vigia confessou a participação sob tortura dos policiais. Segundo os advogados, a tortura psicológica também é uma maneira de pressionar.

 

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Evandro alega ter sido torturado quando foi interrogado em Sergipe, local onde foi detido logo após ficar sabendo que o carro de Mércia havia sido encontrado na represa. “Ele só falou isso quando chegou a São Paulo. Quando ele voltou para ser novamente interrogado disse que havia sido torturado e que só falaria novamente sob juízo”, disse Olim, que completou afirmando que na capital paulista o réu foi tratado com “dignidade”. “Demos água, tiramos as algemas, oferecemos advogado e ele disse que não queria.”

O caso

A advogada Mércia Nakashima desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos, e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela foi ferida a tiros, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

Ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima). Em 14 de março deste ano, Mizael foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Mércia. 

A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local. Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura. 

Fonte: Terra
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