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Polícia

Criminoso troca habilidade do furto pela agressividade do assalto

Especialista diz que jovem entra mais cedo para o crime, drogas potencializam ações violentas, e sensação de impunidade contribui para crescimento nos casos de latrocínio

17 jul 2013 - 08h41
(atualizado às 08h42)
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O crescente número de vítimas de latrocínio no Estado de São Paulo, associado ao emprego de violência marcada pela brutalidade e aparente percepção de que o assaltante acredita que ficará impune - seja qual for o desfecho do crime -, está ligado a uma mudança de comportamento, notadamente dos mais jovens. Essa é a opinião do especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, para quem o criminoso, aos poucos, está trocando a habilidade do furto pela agressividade do assalto.

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Em sua opinião, os jovens estão entrando cada vez mais cedo para o universo criminal e fazendo valer uma das características da juventude: o imediatismo. "O jovem é impaciente, voluntarioso. Quer tudo rápido, para ontem. Isso, potencializado pelo disseminado uso de drogas, faz com que ele tenha reações que chegam a ser surpreendentes", diz.

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Desde 2010, o número de mortos em assaltos no Estado de São Paulo é crescente. Naquele ano, foram 255 vítimas. Cresceu para 329 em 2011 e chegou a 353 no ano seguinte. Somente nos primeiros cinco meses de 2013, mais 175 mortes foram contabilizadas. Desde o início da série histórica, em 2005, naquele ano foi observado o maior número pessoas vítimas de latrocínio: 375.

"Se você reparar, o que acontece é que o ladrão, aos poucos, vem trocando o furto pelo roubo.  Ele está mudando a sua forma de agir. O jovem vem antecipando fases e começou a entrar para o crime mais cedo. Faz uso indiscriminado de drogas e sabe que a chance de cumprir uma pena severa é quase nula. Isso o torna agressivo e com a sensação e que vale tudo", afirma.

Foto: Arte Terra

Segundo ele, é comum ver, no histórico de jovens que cometem crimes considerados hediondos, a sua potencialidade agressiva. "Outro dia foi preso um rapaz que cometeu um latrocínio e tinha 12 passagens pela Fundação Casa. Foi internado e desinternado 12 vezes. Quanto mais ela se 'vicia' no crime, maior o seu nível de agressividade. Outro menor, acusado de colocar fogo em uma dentista, em São Bernardo do Campo, tinha quatro internações. Criamos nos últimos anos terreno fértil para que esse jovem, tanto menor, como maior, atue de forma perigosa e inconsequente", diz.

Lordello credita também à crise de valores a atuação de forma violenta. "Para um jovem que está dissociado da sociedade, a vida do próximo não vale nada. Muitas vezes ele nem chega a consumar o assalto. Atira antes e sequer leva nada. Ser criminoso é condição de status social perante à sua turma. Ser violento, ser perigoso, é sinônimo de status", disse.

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Fonte: Terra
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