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Polícia

Confira os momentos marcantes do julgamento dos Nardoni

25 mar 2010 - 11h46
(atualizado em 27/3/2010 às 03h12)
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Os cinco dias do julgamento da morte de Isabella Nardoni foram marcados por momentos de emoção, tensão e até comédia. Uma jurada chorou durante o depoimento da mãe de Isabella, o juiz Mauricio Fossen se irritou com a defesa do casal, o advogado dos Nardoni, Roberto Podval, foi agredido na rua do Fórum de Santana e um jornalista convocado como testemunha danificou a maquete do prédio em que ocorreu o crime.

A maquete reproduzia em detalhes o prédio de onde Isabella caiu e foi danifica por uma testemunha
A maquete reproduzia em detalhes o prédio de onde Isabella caiu e foi danifica por uma testemunha
Foto: Maquetes Fogassa / Divulgação

No primeiro depoimento, a mãe da menina Isabella, Ana Carolina de Oliveira, chorou pelo menos quatro vezes ao falar da morte da filha.Emocionada com o relato, uma das juradas limpou os olhos. A madrasta da garota, sentada no banco dos réus, também chorou.

O juiz Maurício Fossen, responsável pelo júri do caso Isabella, interrompeu a fala do advogado Roberto Podval por ter chamado o réu Alexandre Nardoni de "vítima". O defensor questionava a delegada Renata Pontes, responsável pelo inquérito do caso, por que havia encaminhado seu cliente para passar por exames logo após "perder a filha". Neste momento, Fossen disse: "a vítima estava morta naquele momento".

Na quarta-feira, o juiz Mauricio Fossen demonstrou mais uma vez clara irritação com a defesa do casal Nardoni, durante o depoimento da perita criminal Rosangela Monteiro. Diante da tentativa de Podval de colocar possibilidades de erro no laudo elaborado pelo IC, Fossen repreendeu o advogado. "Não estamos na fase de debates, 'pode' muita coisa, doutor", afirmou o magistrado. "Eu sei que já são quatro da tarde, vou chegar lá", disse Podval.

No retorno após uma pausa para o almoço, o advogado Roberto Podval foi agredido na entrada do fórum. O agressor seria um manifestante a favor da condenação do casal Nardoni e fugiu logo depois de desferir um chute no advogado. Podval ainda entrou no tribunal sob vaias.

Situações inusitadas

Quebrando o clima constante de tensão, o julgamento do casal Nardoni teve dois momentos de comédia nos depoimentos da tarde de quarta-feira. No primeiro, a perita Rosangela Monteiro afirmou que Alexandre Nardoni tinha características físicas semelhantes às do modelo usado em um dos exames periciais, arrancando risos da plateia. Em outro, muito nervoso, o repórter Rogério Pagnan, convocado como testemunha de defesa, danificou parte da maquete do edifício London, fazendo advogados e espectadores gargalharem.

Os danos no material foram mínimos, mas todos os presentes riram muito da situação. O promotor Cembranelli ironizou o jornalista. "Agradeço sua presença, apesar de ter quebrado nossa maquete", disse. O promotor ainda repetiu a menção ao incidente outras cinco vezes, procurando ressaltar a falta de rigor do jornalista ao apurar a reportagem na época. Pagnan afirmou não lembrar de parte dos fatos por fazer muito tempo.

Réus choram

Na quinta-feira, Nardoni chorou ao ver a mãe na plateia e ao lembrar de momentos do dia 29 de março de 2008, quando o filha foi morta. O promotor Cembranelli perguntou se ele tinha algum problema nos olhos, já que, segundo a acusação, o choro de Nardoni não tinha lágrimas.

Anna Carolina Jatobá chorou em dois momentos: em seu depoimento aos jurados na quinta-feira e quando ouviu sua condenação, na madrugada de sábado./p>

Bate-bocas

Durante os interrogatórios de Nardoni e Anna Carolina, a defesa e a acusação travaram bate-boca por duas vezes sobre o mesmo assunto. O advogado Roberto Podval queria que o promotor Cembranelli citasse o número da página dos autos sobre os depoimentos dos réus antes de fazer indagações.

Cembranelli se irritou com o pedido, afirmando que Podval queria dar tempo para os acusados pensarem antes de responder. Durante o interrogatório de Anna Carolina, o promotor voltou a recusar. "Eu não sou obrigado a fazer isso doutor, não tenho obrigação de fazer isso", disse Cembranelli. O juiz Maurício Fossen pediu para o promotor colaborar: "cite as páginas, por favor, não tumultue".

Nardoni acusa polícia

Nardoni afirmou que o delegado Calixto Calil Filho lhe propôs confessar o crime e ser indiciado por homicídio culposo. Segundo ele, isso seria parte de um acordo para que Anna Carolina Jatobá fosse dispensada pela polícia.

Anna Jatobá contradiz Nardoni

Por duas vezes, Anna Carolina Jatobá entrou em contradição com o depoimento do marido na quinta-feira. Alexandre havia dito que não conseguiu passar a cabeça pelo buraco da tela de proteção porque o espaço era muito pequeno. Anna Jatobá disse que ele passou a cabeça pela tela.

Mais tarde, questionada sobre os primeiros passos do casal após ver o corpo de Isabella no jardim do edifício, a madrasta também se contradisse. Primeiro, ela disse que a menina já tinha sido socorrida enquanto conversava com Alexandre e um policial. Mais tarde, Jatobá disse que recusou o pedido do marido para checar se roubaram algo do apartamento, porque Isabella precisava de socorro. Ao perceber as lacunas em sua explicação, Anna disse que se enganou. "O corpinho dela ainda estava na grama", afirmou.

Mãe de Isabella passa mal

Inicialmente, a defesa dos Nardoni afirmou que pediria uma acareação entre os réus e Ana Carolina Oliveira. A decisão foi abandonada após a mãe de Isabella passar mal. Segundo o Tribunal de Justiça, um exame constatou estado de stress e desaconselhou o confronto.

Provas técnicas

No último dia de julgamento, o promotor Cembranelli usou provas técnicas para acusar o casal Nardoni. Ele montou uma cronologia de horários baseado no GPS do carro de Alexandre Nardoni e telefonemas realizados pelo casal na noite do crime.

A partir dos dados, o promotor concluiu que o pai não consegueria, em menos de 1 minuto, entrar no apartamento, andar pelos quartos e ver pela janela que a filha estava caída, sem esbarrar com o possível ladrão. "Isso é ciência, não é crença. Contra fatos, não há argumentos. Eles estavam no apartamento quando Isabella foi jogada", afirmou o promotor.

Advogado chora

O advogado Roberto Podval chorou no início de sua argumentação de sexta-feira, enquanto agradecia o juiz e o público do julgamento. Em sua fala, Podval disse que a experiência do promotor Francisco Cembranelli o intimida e que aprende com ele.

Fonte: Redação Terra
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