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Polícia

Chefe do PCC é condenado a 29 anos por assassinato de juiz

2 out 2009 - 05h22
(atualizado às 18h22)
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Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, foi condenado a 29 anos de prisão no Fórum Criminal da Barra Funda por ser mandante do assassinato do juiz-corregedor Antônio José Machado Dias em 2003. A defesa recorreu da decisão em plenário, segundo informações do Tribunal de Justiça. Julinho é apontado como um dos chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O julgamento durou mais de 14 horas e foi encerrado perto das às 4h40. Julinho seguirá preso na penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, onde aguardará o recurso. Carambola foi condenado por homicídio qualificado por motivo torpe e emboscada.

"O crime do qual participou é grave e evidencia intensa periculosidade do acusado, uma vez que, na qualidade de líder de facção criminosa, como reconhecido pelo Júri, ordenou a execução da vítima, juiz de direito, visando com isso intimidar os poderes constituídos, com a finalidade de conseguir vantagens dentro do sistema carcerário", afirma a sentença.

O assassinato ocorreu no dia 14 de março de 2003, em Presidente Prudente, também no interior paulista. Também seria julgado Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, detento da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), que foi autorizado a não comparecer ao julgamento.

O júri do acusado foi suspenso quando seu advogado, Roberto Parentoni, deixou o plenário. O juiz Alberto Anderson Filho determinou o adiamento de seu julgamento, que ainda não tem data marcada para recomeçar.

Julinho alegou inocência anteriormente, dizendo que não poderia ter envolvimento no crime porque, na época dos fatos, estava isolado no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes (SP)

"Julinho era conhecido como 'fundador' e todas as ordens do grupo partiam das lideranças", disse Godofredo Bittencourt, que na época do crime era diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic). "Ainda hoje os dois mandam", afirmou Rui Ferraz Fontes, que comandou as investigações do crime.

As testemunhas citaram ainda um bilhete que seria indício de que o assassinato do juiz fora encomendado pelo PCC e seus supostos líderes. A prova foi colhida no presídio em que ambos estavam presos, segundo os autos do processo.

O crime

Marcola e Julinho Carambola, apontados como os principais líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), teriam encomendado a morte do juiz por conta da atuação rigorosa de Machado, que atuava na corregedoria dos presídios. Ambos negam envolvimento no crime.

Entre as atribuições do juiz estavam a concessão de benefícios aos presos, a realização de sindicâncias e a avaliação de pedidos dos advogados. Machado foi morto a tiros em março de 2003, logo após deixar o Fórum de Presidente Prudente, após ter o seu carro cercado por criminosos. Em novembro de 2007, Reinaldo Teixeira dos Santos, 29 anos, conhecido como Funchal, foi condenado a 30 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por homicídio doloso. A Justiça apontou o acusado como autor dos disparos que mataram o juiz.

Anteriormente, João Carlos Rangel Luísi, o Jonny, foi condenado a 19 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado e Ronaldo Dias, o Chocolate, a 16 anos e oito meses de prisão. Ambos também teriam participado da ação.

Coincidentemente, nesta sexta-feira, o filme Salve Geral, do cineasta Sérgio Rezende, estreia em circuito comercial em todo o Brasil. O filme tem como tema central os ataques às forças policiais do Estado de São Paulo, ocorridos em maio de 2006, e que teriam sido tramados pelo PCC, do interior dos presídios. Também nesta sexta-feira, completam-se 17 anos do episódio conhecido como massacre do Carandiru, que deixou 111 presos mortos na antiga Casa de Detenção de São Paulo em 1992.

Nos ataques de 2006 - entre 12 e 20 de maio, 493 pessoas foram mortas por armas de fogo no Estado de São Paulo. Os principais alvos foram policiais militares, guardas civis metropolitanos e até bombeiros, que tiveram 46 baixas. A polícia matou pelo menos 109 pessoas que teriam reagido à prisão no período.

Fonte: Terra
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