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Caso Bruno

MG: promotor afirma que Fernanda mentiu em interrogatório

22 nov 2012 - 20h01
(atualizado às 20h08)
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Marcellus Madureira

Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Ney Rubens

Direto de Contagem

Ao término dos trabalhos desta quinta-feira do Caso Eliza Samudio no Fórum de Contagem (MG), o promotor Henry Vasconcelos afirmou que a depoente Fernanda Gomes de Castro, que foi interrogada por quatro horas no plenário, mentiu em seu depoimento. "Ela mentiu. Ela disse que Macarrão a chamou, mas aconteceu o contrário. Ela ligou para Macarrão, como está provado, e então foi para o local onde eles se encontravam", confirmou Vasconcelos.

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Segundo o promotor, Fernanda foi instruída a proteger os outros réus. "Ela tentou proteger o grupo e foi orientada a não falar a verdade. Os jurados não deram credibilidade a Fernanda e acredito na condenação", afirmou. Com as evidências colhidas no depoimento dela, junto com os interrogatórios de Macarrão e do ex-adolescente Jorge Luiz, será possível conseguir a penalização dos réus, acredita o promotor.

"Sei que temos provas suficientes para incriminá-los. Houve muitas contradições entre os depoimentos de Fernanda e Macarrão, mas prefiro trabalhar com isso amanhã. Teremos condições de condená-los. Desde o início, os dois sabiam que Eliza seria morta. Acredito que todos os sete réus serão condenados", finalizou.

Mãe de Eliza concorda com promotor

Sônia de Fátima, mãe de Eliza Samudio, disse que concorda com o promotor e também acredita em um depoimento mentiroso de Fernanda. "Ela mentiu, eu tenho certeza. Quando ela fala que Eliza foi dormir não é verdade, jamais minha filha deixaria seu filho sozinho para ir dormir. Sei que se ela tivesse condições, entraria no quarto, pegaria o Bruninho e não deixaria com uma desconhecida. Minha filha, por algum motivo, estava machucada e não conseguiu pegar o filho", garantiu.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.

Fonte: Especial para Terra
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