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Polícia

'Quero encontrar os restos de minha filha', diz mãe de Eliza

22 nov 2012 - 16h03
(atualizado às 16h27)
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Marcellus Madureira

Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Ney Rubens

Direto de Contagem

O depoimento de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, no terceiro dia de julgamento do Caso Eliza Samudio, onde o ex-braço direito do goleiro Bruno Fernandes entrega o ex-atleta do Flamengo em uma "parcial confissão" gerou muita repercussão, especialmente na família de Eliza. A mãe dela, Sônia de Fátima, conversou com a imprensa e se mostrou emocionada, afirmando que espera "encontrar os restos" da filha.

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"Eu esperava mais detalhes. Espero agora que a gente consiga encontrar os restos da minha filha. Fui aconselhada a sair do plenário porque minha advogada achou que ele (Macarrão) estava constrangido de falar. Espero saber dele onde estão os restos mortais da minha filha. Quero encontrar. É um julgamento exaustivo e a dor volta novamente", afirmou Sônia.

O advogado de Marcos Aparecido, o Bola, Ércio Quaresma, foi até o Fórum de Contagem (MG) para acompanhar o depoimento de Fernanda. Ele explicou que o depoimento de Macarrão foi favorável. "Meu cliente não tem nada a ver com Bruno. O depoimento dele foi bom, muito benéfico, porque não citou em nenhum momento o Bola", disse. Já o defensor de Bruno, Lúcio Adolfo, tirou credibilidade das palavras de Macarrão. "Eles não tinham nenhuma prova e precisavam de uma confissão. Outra coisa: até onde valem as palavras do Macarrão?", questionou.

Bruno se decepciona com Macarrão

Lúcio Adolfo e Tiago Lenoir, que também representam Bruno, foram até a penitenciária Nelson Hungria, na manhã desta quinta-feira, e conversaram com o seu cliente. Na tarde de hoje, eles falaram sobre o sentimento do goleiro ao saber do depoimento de Macarrão.

"Ele ficou muito chateado com o que ficou sabendo. Ele estava decepcionado pela grande amizade que tem com Macarrão", afirmou Lenoir. Tiago disse ainda que ao chegarem ao complexo penitenciário, Bruno já sabia do depoimento, pois ficou acordado durante a madrugada e acompanhou o noticiário. "Ele já estava sabendo de tudo. Nos disse que a tristeza dele é sentimental, pelo nível de amizade que tinham", finalizou.

Bruno será julgado pelo caso Eliza Samudio no dia 4 de março de 2013, junto com os outros acusados, entre eles Bola. Seus defensores conseguiram o desmembramento do processo, após manobra feita por Lúcio Adolfo, que assumiu o caso na quarta-feira e pediu mais tempo para a juíza Marixa Fabiane.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.

Fonte: Especial para Terra
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