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Caso Bruno

Promotor: corpo de Eliza não será achado, mas caso está esclarecido

22 nov 2012 - 05h32
(atualizado às 07h18)
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Marcellus Madureira
Ney Rubens
Direto de Contagem

Em coletiva de imprensa após o término do interrogatório de Macarrão, que atravessou a madrugada desta quinta-feira, o promotor Henry Vasconcelos disse considerar o caso do desparecimento de Eliza Samudio já "esclarecido".

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"O depoimento de hoje dá muita credibilidade ao que Jorge (primo de Bruno) falou. O delito já está esclarecido, Na Pampulha (bairro de Belo Horizonte), Eliza foi entregue, mas, ao contrário do que disse Macarrão, eles seguiram junto com Bola. Ela foi assassinada sob asfixia e uma mão foi jogada para os cachorros. Bruno optou por articular e providenciar através dos seus funcionários, amigos, mulheres e familiares e fez o cárcere privado. Macarrão foi co-autor, co-articulador, participou do cárcere e também na ocultação do cadáver. Dayanne é protagonista, mas não mandante", sintetizou.

O promotor não crê que o corpo da vítima seja encontrado. "Eliza foi fracionada, os pedaços espalhados", afirmou.

Vasconcelos desmentiu trechos do depoimento de Macarrão, que alegou não conhecer Bola e responsabilizou Bruno inteiramente pelo desaparecimento da amante. "No interrogatório foi feita uma confissão parcial aos crimes. Temos pela primeira vez a culpa atribuída a Bruno, feita por um dos réus. Temos certeza que ela está morta. Macarrão sabia que Eliza seria assassinada. Claro que ele tinha medo dos contatos entre ele e Bola na época do assassinato. Bola mandou uma mensagem alertando que a Polícia Civil iria ao sítio de Bruno", disse.

Para ele, Bola matou Eliza, mas poupou o bebê. "Eliza e a criança foram levadas a Bola. Ele é bandido, policial, mas é justiceiro. Ao deparar com a criança, não quis matar", analisou. Macarrão teria medo ser assassinado por Bola também: "é claro que ele tem medo."

Questionado sobre a insistência para concluir o interrogatório de Macarrão durante a madrugada, o promotor admitiu receio de uma nova manobra de advogados: "ao recolher-se, ele poderia ser pressionado. Quando houve a suspeita de que Macarrão poderia entregar tudo ao decorrer do dia, um dos advogados de Bola veio até o fórum."

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.

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Fonte: Terra
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