Em depoimento de 5h, Macarrão culpa Bruno por sumiço de Eliza
22 nov2012 - 02h00
(atualizado às 06h49)
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Marcellus Madureira
Ney Rubens
Direto de Contagem
Em um depoimento de cinco horas e cinco minutos no Fórum de Contagem (MG), entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta-feira, Macarrão disse que, a mando de Bruno, entregou Eliza Samudio a um homem desconhecido. O ex-goleiro seria, portanto, o responsável pelo desaparecimento da amante.
Segundo sua versão, Macarrão, a mando de Bruno, levou Eliza na EcoSport prata, da mãe do goleiro, até a entrada da Toca Raposa, na Pampulha. Entregou Eliza para uma pessoa desconhecida, que estaria em um Palio preto.
No local, o homem desconhecido teria aberto o carro por trás e Eliza teria descido. A partir deste momento, ele (Macarrão) teria arrancado o carro apavorado e voltado para o sítio desesperado, chorando. Jorge, primo de Bruno, o acompanhava. O bebê de Bruno e Eliza teria ficado no sítio na ocasião.
Macarrão disse ter prevenido Bruno sobre as consequências da ação e o goleiro não demonstrou abatimento. "Fica tranquilo, eu sou pica", teria respondido o ex-flamenguista. O braço-direito do jogador imaginou que teria que assumir a culpa pelo caso e que "a corda arrebenta para o lado mais fraco".
"(Bruno) falou para eu levar a Eliza na Toca da Raposa, deixar lá, que teria alguém esperando por ela lá. Antes disso eu conversei com ele, e disse: 'Bruno, deixa essa menina em paz. Olha, o Jorjão (primo de Bruno), já teve preso". Percebi o clima estranho. 'Bruno, deixa essa menina em paz, eu não sou bandido, não sou vagabundo e não quero entrar dentro do sistema'. Ele falou que era pra deixar com ele que sabia que estava fazendo", relatou Macarrão.
"(Disse para ele) 'Bruno, qualquer coisa que acontecer todo mundo vai colocar a culpa em mim. Eu não sou ninguém, a corda arrebenta para o lado mais fraco. Você sabe que eu não nasci pra isso'. Ele respondeu: 'larga de ser bundão, deixa comigo'", disse o réu.
A juíza perguntou se Macarrão sabia o que Bruno faria com Eliza. O réu respondeu: "pressentia", dando a entender que imaginava que a garota seria assassinada.
Macarrão não teria noção do que acontecia. "Eu quero deixar claro, se eu soubesse que ela tivesse morta, enterrada, jogada na Lagoa do Nado, eu assumiria todo o crime pelo cara que eu considerava meu irmão. Acredito que ele mandou, eu não vi a carta. Eu estava apavorado, com tudo. Bruno disse: 'deixa comigo'. Respondi: 'cara, eu estou te pedindo, por favor, me conta o que está acontecendo'. Ele disse: 'Larga de ser bundão, eu tô falando. Faz o que eu tô mandando'."
"Eu nunca tive plano de nada, eu não sou assassino, nem vagabundo. Eu fui saber que ele tinha trocado nome da criança pela imprensa, eu não sabia, eu não sabia. O Bruno tinha nota fiscal de tudo. Ele sabia de tudo, até o pão de queijo que eu comia pela manhã. Nunca tive nada contra ninguém. Tinham inveja de mim, eu andava com os carros do cara, todos queriam. Eles sentiam enciumado de situações, como o Bruno me chamar de irmão. Eu nunca fui um cara agressivo. A partir de hoje eles terão contra mim", declarou Macarrão, que negou, ainda, conhecer o ex-policial Bola: "eu não tive nenhum contato com ele antes da penitenciária. Eu não sabia quem era, quem era bola, se era policial, nada", afirmou.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.
Julgamento do caso Bruno abre precedente horrível, diz jurista:
O julgamento está previsto para começar às 9h, em Contagem
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
André Luiz dos Santos, de Viçosa (MG), protestou contra a impunidade na porta do fórum onde ocorrerá o julgamento do ex-goleiro e outros quatro réus pela morte da ex-amante do atleta, Eliza Samudio, desaparecida desde junho de 2010
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Nas primeiras horas da manhã, veículos da imprensa já estavam em frente ao fórum onde o ex-goleiro Bruno será julgado
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Noiva do ex-goleiro Bruno Fernandes, Ingrid Calheiros chegou, por volta das 8h ao Tribunal do Júri do Fórum de Contagem
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Também chegou por volta das 8h o Esquadrão Antibomba da Polícia Militar, para fazer uma varredura no Fórum
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
A segurança do Fórum recebeu grande reforço por causa do julgamento
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Populares aguardavam do lado de fora do julgamento
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Não havia relato de tumultos do lado de fora do prédio
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Policiamento reforçado aguardava a chegada dos réus e testemunhas
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
O advogado Frederico Franco falou com jornalistas; ele defende Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio de Bruno
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Por volta das 8h30, chegou ao Fórum Dayanne Rodrigues Souza, ex-mulher de Bruno, e acusada de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Elenílson Vítor Silva, que chegou pouco antes das 9h, é acusado de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
A família do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apareceu do lado de fora do Fórum para demonstrar apoio
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Comerciantes do bairro também apoiaram Bola; ele é acusado de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
As viaturas com os réus chegaram por volta das 9h
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
No início do julgamento de Bruno, um grupo da União Brasileira de Mulheres protestava na porta do Fórum contra a violência de que as mulheres são vítimas. "Este é um protesto contra o grande números de casos de violência e mulheres como vítimas. Esperamos um julgamento responsável. Queremos também que o julgamento tenha o título "Caso Samúdio", porque ela é a vítima", disse Juliana Diniz organizadora do movimento
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
O advogado José Arteiro Cavalcante Lima é assistente de acusação do promotor de Justiça potiguar Henry Wagner Vasconcelos Castro, e representa a mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Rui Caldas Pimenta, defensor de Bruno, chegou ao Fórum pouco antes das 10h
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Movimentação na sala de audiência antes do início do julgamento do caso Bruno, no Fórum de Contagem
Foto: Pedro Vilela / Futura Press
A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues e o promotor Henry Wagner, na sala de audiência
Foto: Pedro Vilela / Futura Press
Um muro em frente ao Fórum de Contagem amanheceu pichado com a frase: "Bruno, me diga com quem tu andas que te direi quem tu és"
Foto: Pedro Vilela / Futura Press
A noiva do ex-goleiro Bruno, Ingrid Oliveira durante o julgamento no Fórum de Contagem
Foto: Eugenio Moraes/Hoje em Dia / Futura Press
A ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza, chegando para o 1° dia de julgamento
Foto: João Miranda/O Tempo / Futura Press
Ércio Quaresma, advogado do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, abandonou o júri, o que levou ao desmembramento do caso; Bola terá 10 dias para contratar nova defesa
Foto: João Miranda/O Tempo / Futura Press
O goleiro Bruno Fernandes de Souza conversa com sua equipe de defesa durante o julgamento
Foto: Vagner Antonio/TJMG / Divulgação
No banco dos réus, o ex-goleiro e sua ex-mulher Dayanne do Carmo
Foto: Vagner Antonio/TJMG / Divulgação
Foto: / Terra
Noiva do goleiro Bruno, Ingrid Calheiros, chega ao fórum
Foto: Ney Rubens / Terra
Ao chegar ao fórum, o assistente de acusação, José Arteiro, disse: "Eliza não era cachorro, não era nada, era uma mulher como qualquer outra. Se ela ficava com três ou quatro isso é problema dela. Tinha gente que gostava (Bruno), agora tem que pagar"
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, mulher do goleiro na época no crime, é acusada de sequestro e cárcere privado. Ela chegou ao fórum por volta das 8h40
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Ao chegar, o promotor Henry Vasconcelos falou com a imprensa. Ontem, ele avaliou o primeiro dia como positivo
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
No tribunal, Bruno se sentou ao lado de sua ex-mulher Dayanne
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Macarrão ficou sentado logo atrás da ex-mulher de Bruno, também ré no processo
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Os três réus acompanharam atentamente a sessão
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Ao chegar, o advogado Rui Pimenta deu entrevistas. No entanto, no início da sessão, Bruno destitui o defensor. O atleta pediu um prazo para arrumar outro advogado
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Abordada pela imprensa na chegada, Dayanne não quis falar. Ela conseguiu o direito de ter seu caso desmembrado do processo e deve ser julgado só em 2013
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
O ex-goleiro do Flamengo calçava chinelos e vestia o uniforme do presídio Nelson Hungria
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Cerca de 300 integrantes do MST protestaram em frente ao Fórum de Contagem, engrossando a confusão de pessoas que acontecia no local
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Salim Pereira fez um protesto solitário em frente ao Fórum de COntagem: "Não sou de fazer justiça com as próprias mãos, mas se for necessário eu faço, estou aqui"
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Bruno, Macarrão e Dayanne acompanham a audiência em Contagem
Foto: Vagner Antônio/TJMG / Divulgação
Dayanne, ex-mulher do goleiro, chora durante o julgamento
Foto: Vagner Antônio/TJMG / Divulgação
O novo defensor do ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, Tiago Lenoir Moreira, trabalhará no caso do ex-atleta junto com Francisco Simim
Foto: Alex de Jesus/O Tempo / Futura Press
Foto: Arte / Terra
Diferente do segundo dia de julgamento, na quarta-feira, Bruno evitou mostrar o rosto para os fotógrafos
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Nos lugares fixados no tribunal, Bruno e Macarrão sentam próximos um ao outro
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Para evitar os fotógrafos, Bruno chegou a virar o rosto para a parede
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
O novo advogado de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva, falou com a imprensa
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Mesa do púlpito ficou repleta de pilhas com documentos do processo
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Usando nariz de palhaço, mulheres protestaram em frente ao fórum
Foto: Ney Ruben / Especial para Terra
Após ter seu processo desmembrado Bruno voltou para a penitenciária
Foto: Ney Ruben / Especial para Terra
Juíza Marixa Fabiane remarcou a data do julgamento de Bruno, Bola, Dayanne. Macarrão continuará a ser julgado
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Momento em que o goleiro deixou o fórum em Contagem
Foto: Maurício de Souza / Futura Press
Advogados reunidos com a juíza antes da decisão
Foto: Maurício de Souza / Futura Press
Macarrão, durante audiência que desmembrou o processo
Foto: Maurício de Souza / Futura Press
O muro de uma escola ao lado do fórum onde ocorre o julgamento de Bruno foi pichado com a frase "Bruno acreditamos na sua inocência"
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Foto: Terra
O promotor concedeu coletiva de imprensa na madrugada desta quinta-feira
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Sonia falou com a imprensa ao deixar o local. Durante a sessão do julgamento, ela se emocionou e chorou
Foto: Pedro Vilela / Futura Press
Mãe de Eliza Samudio, Sonia Moura, é vista deixando o Fórum de Contagem (MG), na madrugada de quinta-feira
Foto: Pedro Vilela / Futura Press
Um boato de que o goleiro Bruno teria se suicidado na penitenciária Nelson Hungria provocou correria e tumulto na porta do Fórum de Contagem
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Jornalistas cercam o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, que confirma que confirmou que o goleiro está bem
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Foto: Arte / Terra
Ao chegar hoje pela manhã, o assistente de acusação, José Arteiro, falou com a imprensa. "O Macarrão foi muito homem. Ele vai pegar uma pena menor"
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Um dos assistentes de acusação, Cidnei Karpinski não quis falar com jornalistas ao chegar ao fórum
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Sônia de Fátima, mãe de Eliza, esteve presente na sessão. Durante a fala do promotor, ela chorou muito
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Juíza Marixa Fabiane e o promotor Henry Vasconcelos acertaram início dos trabalhos
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra
Luiz Henrique Romão, o Macarrão, conversou com o seu advogado durante o 5° dia de julgamento