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Polícia

Oficial de Justiça admite uso de celular por júri do caso Bruno

21 nov 2012 - 17h50
(atualizado às 18h18)
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Marcellus Madureira
Ney Rubens
Direto de Contagem

O oficial de Justiça Eduardo Cândido da Silva do Sacramento assumiu nesta quarta-feira que permitiu o uso de celular pelos sete jurados do julgamento do goleiro Bruno Fernandes de Souza durante o café da manhã de terça-feira, antes do início do segundo dia de júri. O oficial revelou que as ligações foram autorizadas pela juíza Marixa Fabiane Lopes e "deveriam ser curtas, no viva voz, e com familiares apenas para pedidos de higiene pessoal, como roupas, pasta de dente".

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As ligações foram feitas no próprio telefone celular do oficial de Justiça. O fato foi noticiado pelo portal iG, que mostrava fotos dos jurados, que tiveram o rosto preservado. Na tarde desta quarta-feira, os repórteres Ricardo Galhardo e Carolina Garcia foram levados a uma sala do fórum para dar esclarecimentos sobre a reportagem.

Carolina relatou que chegou a ser retirada do plenário do Júri por um oficial de Justiça e levada a uma sala do fórum. Segundo Galhardo, o escrivão Jorge Soares da Silva, com a carteira funcional na mão e um ofício, disse aos dois que estava os advertindo pela reportagem, porque poderia levar o julgamento à anulação. Conforme o relato do jornalista, estavam na sala outros dois oficiais de Justiça e uma assessora de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).

Após alguns minutos de conversa, os repórteres fizeram um acordo verbal para aumentar a área borrada da foto dos jurados para diminuir as chances de identificação. A assessora do TJ-MG Valéria Viana pediu desculpas pessoalmente aos repórteres e disse que não foi intenção do escrivão constranger os profissionais. Os repórteres estão hospedados no Contagem Centro Hotel, onde está concentrado o júri, e garantiram que não invadiram o local.

No primeiro dia de julgamento, a juíza Marixa Fabiane advertiu a todos que eles deveriam, por lei, ficar incomunicáveis até o final do julgamento. A magistrada autorizou que cada um fizesse uma ligação para um familiar para avisar que eles iriam compor o júri e pedir itens de higiene pessoal e vestuário. A juíza avisou ainda que todos os celulares dos jurados seriam recolhidos neste momento.

O Terra solicitou uma posição oficial à assessoria do TJ-MG sobre o fato dos jurados usarem telefone celular e também sobre a abordagem aos repórteres do portal iG. A assessoria de comunicação disse que o tribunal deve se posicionar em breve.

Na noite de terça-feira, após o segundo dia de julgamento, o promotor Henry Vasconcelos Castro revelou que seis testemunhas de defesa foram flagradas também fazendo uso de telefones celular. Um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar, e o promotor pediu à juíza que retirasse do julgamento as seis testemunhas flagradas, o que foi deferido na manhã de quarta-feira.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

André Luiz dos Santos, de Viçosa (MG), protestou contra a impunidade na porta do fórum onde ocorrerá o julgamento do ex-goleiro e outros quatro réus pela morte da ex-amante do atleta, Eliza Samudio, desaparecida desde junho de 2010
André Luiz dos Santos, de Viçosa (MG), protestou contra a impunidade na porta do fórum onde ocorrerá o julgamento do ex-goleiro e outros quatro réus pela morte da ex-amante do atleta, Eliza Samudio, desaparecida desde junho de 2010
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Fonte: Terra
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