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Polícia

Flamengo não quer renovar contrato em eventual absolvição de Bruno

16 nov 2012 - 18h41
(atualizado às 18h47)
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Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte

Caso seja absolvido no julgamento que começa na próxima segunda-feira no Tribunal do Júri de Contagem (MG), o goleiro Bruno retornará ao Flamengo apenas para cumprir os últimos dias de contrato. O goleiro ainda está inscrito no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF com o número 155391 e tem compromisso com o rubro-negro até o dia 31 de dezembro deste ano.

Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

"Da parte do Flamengo, a gente vai tentar fazer um acordo para encerrar o contrato", explicou ao Terra nesta sexta-feira Bernardo Monteiro, assessor da presidente Patrícia Amorim, confirmando que o clube não tem interesse na renovação com o atleta.

Bruno está preso na Penitenciária Nelson Hungria desde julho de 2010. Durante os dois anos e quatro meses no cárcere, deixou de receber cerca de R$ 200 mil mensais, segundo informou uma fonte ao Terra na época em que o atleta foi preso. "Ele não tem dinheiro a receber. Se for absolvido, vai voltar, se apresentar e receber o restante dos dias até 31 de dezembro. Tudo vai depender do resultado do julgamento", afirmou Monteiro.

Segundo o advogado Rui Caldas Pimenta, Bruno não perdeu a esperança de voltar a jogar futebol. Para manter a forma, chegou a pedir que a noiva, Ingrid Calheiros, levasse a ele meiões, luvas e bola, para que pudesse treinar sozinho. Pimenta revelou, em maio deste ano, antes do Supremo Tribunal Federal (STF) negar mais uma liminar de habeas-corpus, que o goleiro queria voltar ao Flamengo, mas caso isso não acontecesse, já teria proposta de outro clube.

"O departamento jurídico do clube já deu parecer favorável à sua volta e a presidente Patrícia Amorim está sensibilizada. Ela vai acatar a volta dele porque o Flamengo precisa dele, ele quer ficar no Flamengo," disse Pimenta na época. "Mas ele tem uma proposta de um clube do Rio de Janeiro que ofereceu R$ 2 milhões de luvas e um salário de R$ 500 mil", disse, sem revelar qual seria a equipe.

Ainda segundo Pimenta, a esperança do goleiro de voltar a jogar futebol era tanta que ele já havia sonhado em disputar a próxima Copa do Mundo, que acontece em 2014 no Brasil. "O Bruno me contou que sonha, e muito, em voltar a jogar futebol. Ele está como o missionário americano Martin Luther King, que disse a famosa frase 'I have a dream'. E ele me chamou e disse, 'eu sonhei que vou chegar na seleção e disputar a vaga de titular. E na Copa do Mundo o Brasil vai chegar à final contra a Argentina, Maracanã lotado. O jogo vai terminar empatado e nas disputas de pênalti o Messi vai bater e eu vou pegar'", contou Pimenta.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Fonte: Especial para Terra
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