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Caso Bruno

Caso Bruno: defesa promete pressionar delegados em julgamento

16 nov 2012 - 17h44
(atualizado às 18h13)
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Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte

Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Bola (centro) comemora a absolvição enquanto é cumprimentado por advogados de defesa
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Um dos depoimentos mais aguardados para o julgamento do goleiro Bruno Fernandes de Souza e outros quatro réus, a partir das 9h da próxima segunda-feira no Tribunal do Júri do Fórum de Contagem (MG), é o do delegado Edson Moreira, que chefiava a Delegacia de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em 2010, quando o assassinato de Eliza Samúdio foi apurado. Os advogados de defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, já anteciparam que vão "apertar" Moreira durante pelo menos três dias. "Ele vai ter que explicar tudo (procedimentos da apuração) nos seus pormenores, não vamos deixar passar nada", disse Ércio Quaresma.

No julgamento de Bola pela morte do carcereiro Rogério Martins Novelo, entre os dias 5 e 7 de novembro, Moreira também foi uma das testemunhas arroladas pela defesa e pode sentir um pouco do que o espera. Na oportunidade, o depoimento dele durou mais de 12 horas, mesmo sendo impedido pela juíza Marixa Fabiane, após consulta aos jurados, de responder perguntas sobre o processo de Eliza Samudio.

Após a fase de depoimentos, os advogados Zanone Manuel, Fernando Magalhães e Quaresma queriam que Moreira passasse por uma acareação com o ex-policial. Isso obrigou o delegado a permanecer incomunicável no fórum por quase três dias, até que a juíza decidisse se aceitaria ou não o pedido da defesa. Ao final, depois de uma breve reunião entre os três defensores, eles concordaram em liberar Moreira, que classificou os atos dos advogados como "uma tentativa de castigá-lo".

"A defesa me trouxe aqui para me dar canseira, uma vingança pessoal contra a minha pessoa, tendo em vista que os dois causídicos (advogados) são meus inimigos", afirmou, referindo-se a Zanone Manuel e Ércio Quaresma, com quem teve vários embates que ainda se estendem na Corregedoria de Polícia Civil e podem chegar à Justiça comum. Moreira alega que foi acusado por Quaresma e outro advogado de tentativa de extorsão contra Bruno, ainda na fase de investigação.

"Eles me denunciaram caluniosamente em rede nacional e isso gerou um procedimento (de investigação) na corregedoria. E eu representei, quando fui interrogado, pela denunciação caluniosa porque essa falsidade levantada contra a minha pessoa gerou um procedimento. Só exerci um direito meu", justificou. "Ao final da investigação vou tomar providências por danos morais."

A alegação dos defensores de Bola é de que Edson Moreira "imputou" ao ex-policial a morte de Eliza Samudio por perseguição, já que Moreira e Bola teriam tido divergências quando supostamente foram colegas de profissão nas polícias Militar de São Paulo e Civil em Minas Gerais. O delegado sempre negou essa hipótese diz que nunca trabalhou com Bola, a quem classifica de "especialista em matar". "Aquilo é um camaleão e as lágrimas são de crocodilo. Aquele mata rindo e depois vai ao velório e ainda chora. É de altíssima periculosidade."

Outros depoimentos

Os depoimentos dos outros três delegados que apuraram a morte de Eliza Samudio também deverão ser longos. Ércio Quaresma, que em agosto de 2010, na defesa apresentada à Justiça logo após o indiciamento dos acusados, utilizou apelidos pejorativos para se referir à equipe de delegados, disse que também vai arguir de forma detalhada e pesada os delegados Júlio Wilke, Alessandra Wilke e Ana Maria Santos.

Os advogados tentarão desclassificar os procedimentos dos três policiais durante a investigação. Além da suposta tentativa de extorsão atribuída a Moreira por Quaresma, e da gravação de vídeos por policiais sem a autorização e conhecimento dos acusados, os defensores vão questionar, por exemplo, o delegado Júlio Wilke, que foi acusado por Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, de tê-lo agredido com um tapa no peito para que confessasse o crime.

O depoimento da delegada Ana Maria Santos é considerado um dos mais importantes, tanto pela defesa quanto pelo Ministério Público. Ana Maria foi a policial que acompanhou o depoimento do primo de Bruno, Jorge Lisboa Rosa, quando ele foi a Minas Gerais após revelar a trama à polícia do Rio de Janeiro.

Rosa, que em 2010 tinha 17 anos, está incluído no programa de proteção à testemunha. A juíza Marixa Fabiane não autorizou que ele depusesse por videoconferência, como pediu o promotor Henry Wagner Vasconcelos Castro. Com a decisão da magistrada, o depoimento de Ana Maria será utilizado pelo MP para confirmar a versão de que Eliza foi atraída por Bruno e Macarrão com a promessa do reconhecimento da paternidade e um apartamento e, depois de ter sido mantida em cárcere no sítio, em Esmeraldas, foi levada até a casa de Bola, em Vespasiano, onde foi morta e teve partes do corpo jogadas aos cães. Já os advogados de defesa vão alegar que Jorge Lisboa Rosa foi coagido pela delegada durante o depoimento.

Fonte: Terra
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