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Polícia

Advogado: condenação de Bruno foi "embalada pela voz das ruas"

8 dez 2010 - 19h39
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Luís Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

O advogado do goleiro Bruno, Claudio Dalledone Junior, afirmou nesta quarta-feira que a condenação de seu cliente a quatro anos e seis meses de prisão "foi uma decisão embalada pela voz das ruas". Ele entrou também com pedido de termo de recurso junto à 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio contra a decisão do juiz Marco Couto. O Tribunal tem cinco dias úteis para se pronunciar sobre o pedido. Juntamente com o recurso, caso não seja aceito, Dalledone solicita a diminuição da pena em função da primariedade do réu.

A Justiça condenou o ex-atleta do Flamengo a quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra Eliza Samudio, ex-amante do jogador. Acusado de envolvimento no episódio, anterior ao suposto sequestro de Eliza que teria levado à sua morte, o amigo de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a três anos de prisão por cárcere privado.

Para Dalledone, seu cliente enfrentou "indefeso" os processos nas Justiças fluminense e mineira. Segundo ele, o advogado Ércio Quaresma, responsável pela defesa de Bruno até o dia 22 de novembro, não tinha condições de defender Bruno. Quresma declarou ser usuário de crack e foi suspenso pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG).

"A defesa não traçou minimamente recursos para defender o acusado", afirmou Dalledone. Segundo ele, durante todo o caso jamais foi levado em conta o princípio da presunção da inocência.

Juri popular
Segundo Dalledone, que também defende o goleiro das acusações de sequestro e homicídio na Justiça de Minas, Bruno não vai escapar do juri popular. Para ele, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues sofre pressão da imprensa. "A juíza está impulsionada e acovardada. Vai remeter todo mundo a juri. Nós vamos recorer", afirmou.

Estratégia
Ao contrário de Quaresma, Dalledone afirmou que não vai tentar desqualificar Eliza Samudio. Para ele, Eliza continua viva até que se prove o contrário. "Neste caso, o que temos é a ausência de materialidade", disse.

O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos.

O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado. Após mais de 4 meses na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), Flavinho, o motorista de Bruno, foi solto em 27 de novembro, após ter prisão revogada pela Justiça. Ele foi excluído do pedido para que os réus fossem levados a júri popular, feito pelo Ministério Público dias antes, mas segue no processo até decisão final da Justiça mineira.No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Conforme a sentença do juiz Marco Couto, o goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado.

Para Dalledone, Bruno estava "indefeso"
Para Dalledone, Bruno estava "indefeso"
Foto: Alex de Jesus / Futura Press
Fonte: Especial para Terra
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