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Polícia

Caso Mércia: testemunhas de vigia nada acrescentaram, diz promotor

30 jul 2013 - 13h20
(atualizado às 13h48)
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O julgamento acontece no fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo
O julgamento acontece no fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press

O promotor Rodrigo Merli afirmou após a primeira metade do segundo dia de julgamento do vigia Evandro Bezerra da Silva, suspeito de ser cúmplice de Mizael Bispo na morte de Mércia Nakashima, que as testemunhas trazidas pela defesa do réu não acrescentaram nada e mostraram depoimentos contraditórios aos anteriores do caso. Apesar disso, Merli se disse satisfeito com os rumos do julgamento, que deve terminar nesta quarta-feira.

“Efetivamente era melhor a defesa não ter trazido as testemunhas. Elas foram confrontadas por nós, todas elas extremamente contraditórias com os depoimentos anteriores. Uma delas inclusive afirmou que possui lapsos de memória, então como pode se recordar de algo que aconteceu há mais de 3 anos? Não creio em nenhuma surpresa, apesar das tais bombas anunciadas”, afirmou Merli.

O júri popular do vigia começou na segunda-feira com um atraso de quase três horas, no Fórum de Guarulhos, em São Paulo. Evandro é acusado de ter colaborado com a fuga de Mizael Bispo, condenado em 14 de março a 20 anos de prisão pela morte da ex-namorada Mércia.

A acusação sustenta que Evandro não teve participação direta na morte, mas que sabia que Mizael tinha a intenção de cometer o crime. Porém, a defesa do vigia alega que ele confessou ter participado do crime sob tortura. Mércia foi vítima de disparos de arma de fogo e lançada, no interior de seu veículo, dentro de uma represa no município de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.

Com o fim do depoimento de Alexandre Simone Silva, investigador de polícia e que na época do crime, em maio de 2010, trabalhava na divisão antissequestro de São Paulo, foi a vez das testemunhas de defesa serem ouvidas pelos sete jurados e pela juíza. A primeira foi Josefa Mariano dos Santos, ex-mulher de Evandro.

Ela respondeu perguntas principalmente sobre o dia 12 de junho, quando o vigia viajou para Sergipe e quando o carro de Mércia havia sido encontrado em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Ela contou que ele chegou em casa e disse aos filhos e a ela que iria para o Nordeste, mas que não havia comentado sobre a viagem antes disso. Josefa confirmou também que Evandro tinha uma arma e que a guardava em casa quando ainda estavam juntos.

Em seguida ,foi a vez de Luiz Araújo Sobrinho que, assim como Evandro, também trabalhava como segurança em algumas feiras de rua. Ele negou que o vigia estava nervoso e que havia ido embora repentinamente, abandonado o posto para fugir.

Gentil José de Oliveira, caixa do posto em que Evandro trabalhava na época do crime, foi o mais contraditório. Ele não soube precisar os horários de trabalho do vigia e seu depoimento confrontou suas respostas anteriores, ainda no julgamento de Mizael. Irritado, o promotor Rodrigo Merli chegou a discutir com a juíza Maria Gabriela Riscali. Gentil não se recordou se Evandro foi embora do posto às 19h, 20h ou 22h e disse que tinha problemas de memória.

Os depoimentos das três testemunhas de defesa duraram pouco mais de uma hora. Porém, o depoimento mais aguardado deve ser o de Márcio Nakashima, irmão da vítima, que deve acontecer logo após a pausa para o almoço.

O caso

A advogada Mércia Nakashima desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos, e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela foi ferida a tiros, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

Ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima). Em 14 de março deste ano, Mizael foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Mércia.

A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local. Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura.

Fonte: Terra
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