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Polícia

Caso Mércia: defesa de vigia cita falhas periciais e aposta na dúvida do júri

31 jul 2013 - 16h39
(atualizado às 16h55)
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O réu, Evandro Bezerra Silva, chega ao Fórum de Guarulhos (SP) para o terceiro dia de julgamento
O réu, Evandro Bezerra Silva, chega ao Fórum de Guarulhos (SP) para o terceiro dia de julgamento
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press

Nas duas horas de direito da defesa nos debates do julgamento do vigia Evandro Bezerra Silva, os advogados Aryldo de Paula e Ricardo Ponzeto criticaram as falhas nas investigações comandadas pelo delegado Antônio de Olim, na época integrante do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Para convencer os réus de que o vigia é inocente na acusação de ser cúmplice de Mizael Bispo na morte da advogada Mércia Nakashima, a defesa do réu aposta agora na dúvida gerada pelas imprecisões de provas.

"Se ele (Olim) trabalhou no departamento anti-sequestro, deveria ter quebrado sigilo telefônico dos suspeitos", afirmou Aryldo, em relação à suspeita de que Mércia havia sido sequestrada no dia 23 de maio de 2010. "Deveria ter feito luminol no possível cativeiro. Ele fez exame de corpo de delito no Mizael para saber se ele tinha brigado com uma mulher. Por que não fizeram esse mesmo exame nesses suspeitos do sequestro?", questionou o advogado de defesa. "Mas nada disso é relevante", completou.

O júri popular do vigia começou na segunda-feira, no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele é acusado de ter colaborado com a fuga de Mizael Bispo, condenado em 14 de março a 20 anos de prisão pela morte da ex-namorada Mércia.

A acusação sustenta que Evandro não teve participação direta na morte, mas que sabia que Mizael tinha a intenção de cometer o crime. Porém, a defesa do vigia alega que ele confessou ter participado do crime sob tortura. Mércia foi vítima de disparos de arma de fogo e lançada, no interior de seu veículo, dentro de uma represa no município de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.

Aryldo falou também da possibilidade de ter havido uma possível tortura em um depoimento de Evandro diante da polícia de Aracaju, em Sergipe, novamente questionando as investigações comandadas por Olim. "Se não houve tortura, por que não investigou? Se eu sou imparcial, é obrigação minha pelo menos investigar o Olim, mas ele diz que todos os acusados falam que foram torturados", disse.

Ponzetto também criticou o delegado e questionou: "por que se desprezou tantas provas que seriam utilizadas no processo?", disse, antes de insistir na possível dúvida dos jurados sobre a culpa de Evandro. "O processo não dá certeza de que a morte tenha sido dia 23 de maio. A pergunta será quanto à data e não quanto à morte. É nesse contexto da dúvida que segue o júri."

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/mercia/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/mercia/iframe.htm">veja o infográfico</a>

Um dos momentos mais tensos das declarações da defesa nos debates foi em relação às ligações feitas entre Mizael e Evandro, que no dia 23 se falaram 19 vezes. No momento em que mostrou a planilha de Excel em que constam as ligações e as antenas de celular, Aryldo disse que era possível fraudar a planilha por se tratar de um documento de computador.

"Se tivesse sido investigado de maneira correta, eu sequer questionaria. O que discuto é a imprestabilidade da prova. São essas provas que temos por falta de investigação e de interesse", disse De Paula, prontamente interrompido por Alexandre Sá Domingues, advogado assistente de acusação. "O senhor está dizendo que essas provas foram forjadas? Isso é uma acusação muito grave", afirmou Sá Domingues.

Após as declarações da defesa e acusação, será concedido direito de réplica e tréplica. Depois disso, os jurados saberão as cinco perguntas que deverão responder para inocentar ou culpar Evandro Bezerra Silva.

O caso

A advogada Mércia Nakashima desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos, e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela foi ferida a tiros, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

Ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima). Em 14 de março deste ano, Mizael foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Mércia.

A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local. Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura.

Fonte: Terra
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