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Polícia

Caso Joanna: falso médico diz que ganhava R$ 500 por plantão

4 mar 2011 - 11h39
(atualizado às 16h02)
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Gabriel Macieira
Direto do Rio de Janeiro

O estudante de medicina Alex Sandro da Cunha Silva, acusado de exercício ilegal da Medicina, que resultou na morte da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, 5 anos, depôs na manhã desta sexta-feira na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP) no Rio de Janeiro. Em seu depoimento, o suspeito declarou que recebia cerca de R$ 500 por 12h de plantão. O delegado Fábio Cardoso pediu a prisão preventiva do estudante à 2ª Vara Criminal de Santa Cruz.

Alex Sandro da Cunha Silva chega à delegacia para depor
Alex Sandro da Cunha Silva chega à delegacia para depor
Foto: Gabriel Macieira / Especial para Terra

Em seu depoimento, Alex Sandro contou que chegou à médica Sarita Fernandes Pereira, outra acusada da morte de Joanna, por colegas de faculdade. Segundo Alex Sandro, ela que conseguiu sua contratação como médico e forneceu os dois carimbos que ele usava nas consultas. Para isso, o suspeito só teve que conseguir o nome de um médico licenciado.

O médico André de Almeida, nome impresso no carimbo usado pelo estudante, e Sarita serão chamados para prestar depoimento. Segundo a polícia, André e Alex Sandro trabalharam juntos nos hospitais Prosin e São João do Meriti, ambos em São João do Meriti.

O delegado afirmou ainda que, depois desse caso, surgiram novas denúncias de falsos médicos pelo Disque Denúncia.

A delegacia encarregada unicamente pela investigação da atuação ilegal de Alex Sandro, sendo de outra unidade a da morte da menina, registrou que só no hospital Memorial, localizado em Santa Cruz, ele participou de oito plantões na emergência da pediatria. Já no Rio Mar, onde Joanna foi atendida, ele realizou seis plantões. Segundo o suspeito, dos R$ 500 recebidos por plantão, 70% do valor ia para Sarita.

Alex Sandro não tinha experiência alguma na área de pediatria e cursava a faculdade de Medicina desde 2000. O estudante trancou o curso por diversas vezes e, em 2007, mudou de instituição. De acordo com a polícia, ele reprovou na maioria das cadeiras do curso.

O estudante disse ainda que não sabe se há outros falsos médicos, mas que desconfia da existência, já que era orientado a não conversar com outros funcionários nem almoçar no refeitório.

Segundo a polícia, Alex Sandro será indiciando por exercício ilegal da Medicina, falsificação de documento e estelionato. Também serão ouvidos médicos e administradores dos hospitais, onde serão averiguados prontuários médicos para verificar possíveis falsificações e a existência de outros falsos médicos.

Caso seja confirmada a suspeita do envolvimento de outras pessoas, elas responderão pelos mesmos crimes, bem como formação de quadrilha.

O delegado afirmou ainda que, depois desse caso, surgiram novas denúncias de falsos médicos pelo Disque Denúncia.

O caso

A menina Joanna, 5 anos, morreu em agosto de 2010, no Hospital Amiu, em Botafogo, onde passou 26 dias em coma. Ela foi internada com edema cerebral, hematomas nas pernas e sinais de queimaduras. Antes de chegar ao Amiu, ela foi levada ao Hospital Rio Mar, na zona oeste, onde foi atendida por um estudante de Medicina, acusado de lhe dar alta mesmo estando desacordada. Ele disse ter sido contrato pela médica Sarita Fernandes Pereira, que também chegou a ser presa acusada do homicídio.

De acordo com a denúncia do MP, o pai e a madrasta submeteram a criança a intenso sofrimento e a mantiveram dentro de casa com as mãos e pés amarrados. A menina, que teria sido deixada por horas e dias deitada no chão suja de fezes e urina, foi, ainda segundo a denúncia, queimada na região das nádegas e lesionada com hematomas em diversos pontos do corpo e na face.

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que Joanna foi vítima de maus-tratos e que morreu devido a uma meningite viral. Segundo o documento, a doença se desenvolveu devido à baixa imunidade da criança. O pai de Joanna e a madrasta da criança respondem por tortura e homicídio qualificado. A médica Sarita e o estudante de Medicina que atendeu Joanna também respondem pela morte da criança.

Fonte: Especial para Terra
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