Caso Dorothy: terceiro julgamento de acusado é adiado
- Lucy Silva
- Direto de Belém
A Justiça paraense adiou para o dia 12 de abril a terceira sessão de julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, que aconteceria na manhã desta quarta-feira. O motivo foi o não comparecimento do advogado de defesa do réu.
Eduardo Imbiriba, que defende Bida, enviou um bilhete ao juiz que preside do júri, Raimundo Moisés Flexa, informando que não compareceria porque não houve tempo hábil para julgamento de recursos impetrados pela defesa no Superior Tribunal de Justiça.
O juiz reclamou da atitude do advogado por conta do alto custo da mobilização da sessão para o judiciário e designou os defensores públicos Alex Noronha e Paulo Bona para defender o réu no dia 12.
O magistrado também determinou que seja encaminhado ofício à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção do Pará, para conhecimento do fato.
A defesa entrou com vários recursos desde o início do processo, os últimos foram para revogar a decisão que anulou a sessão de julgamento em que Bida foi absolvido e um pedido de habeas corpus. O pedido da defesa era para que o terceiro julgamento só ocorresse após a avaliação de todos os recursos.
A previsão para que o STF decidisse sobre os pedidos da defesa era até terça-feira, mas até as 9h30 de hoje o ministro Cezar Peluso ainda não havia dado nenhum parecer sobre o caso. No site do STF o pedido aparecia apenas com status de 'distribuído por prevenção', mas sem nenhuma decisão.
A atitude da defesa foi vista como manobra pelos movimentos sociais que faziam vigília na porta do Fórum Criminal de Belém para acompanhar a sessão. 'Para nós isso não passa de um circo, pois os advogados sabem que ele seria condenado e não conseguiram nada no Supremo, e fizeram essa estratégia de não aparecer', disse um dos coordenadores do Comitê Dorothy, Dinailson Benasully.
Histórico
Dorothy Stang foi morta a tiros na localidade de Anapu, no sudoeste paraense, em fevereiro de 2005. A localidade é palco de intensos conflitos agrários e é onde Stang desenvolvia trabalhos em prol da reforma agrária.
Cinco são acusados de envolvimento na morte da missionária, sendo que apenas três foram condenados. São eles Rayfran das Neves, Amair Feijoli e Clodoaldo Batista. Os outros suspeitos são o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, que chegou a ser condenado a 30 anos de reclusão, mas teve o julgamento anulado. O único suspeito que ainda não foi julgado é o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o 'Taradão', que tem sua sessão marcada para o dia 30 de abril. Ele aguarda o julgamento em liberdade.