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Caso Bruno

Promotor: detento mostrou relação de Bruno com o tráfico

20 nov 2012 - 21h23
(atualizado às 21h31)
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Marcellus Madureira
Ney Rubens
Direto de Contagem

No segundo dia do julgamento, detento afirmou que Bola confessou a morte de Eliza na prisão
No segundo dia do julgamento, detento afirmou que Bola confessou a morte de Eliza na prisão
Foto: Vagner Antônio/TJMG / Divulgação

Após o segundo dia do julgamento do caso Eliza Samudio, o promotor Henry Vasconcelos deixou o plenário do Júri por volta das 18h30 e se disse satisfeito com os trabalhos. Para ele, o depoimento do detento Jailson Alves de Oliveira foi excelente. "As declarações dele são extremamente relevantes em duas frentes: apontando que os acusados, Bruno e Macarrão, têm ligação direta com o narcotráfico, sobretudo na região de Ribeirão das Neves, e também conexões com traficantes do Rio de Janeiro. O depoimento de Jailson tem muita credibilidade", explicou.

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Para explicar a importância do depoimento, Vasconcelos falou sobre a convivência de Jailson e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, na penitenciária Nelson Hungria. "Ele teve convivência com Marcos Aparecido e confirmou que ouviu do Bola a afirmação de que Eliza Samudio teve seu cadáver tornado em cinzas e que elas foram despejadas em uma concentração de água, vindo, então, à frase em que Bola disse que o corpo somente seria encontrado se peixe falasse", completou.

Sobre a informação de que testemunhas da defesa utilizaram telefones celulares no hotel, acabando com a incomunicabilidade, o promotor afirmou que pode ser mais uma estratégia, porém, não será válida. "Cerca de cinco ou seis pessoas teriam sido flagradas no hotel de recolhimento de posse de telefones celulares. A acusação já está a par e pretendemos que, pela quebra da incomunicabilidade, essas pessoas não participem mais e, se forem ouvidas, que seja sem tomada de compromisso da verdade. O júri não será anulado. Podemos até cogitar a hipótese de mais uma estratégia da defesa para provocar o adiamento do julgamento, mas não gerará nenhum efeito", ponderou.

"A acusação trabalhará com a presença do sangue de Eliza em diversos pontos no interior do veiculo e também com o celular que foi desligado. Eliza conversou com Macarrão antes do sequestro, às 21h07, depois seu celular foi desligado. Só foi religado no dia 9. Vamos trabalhar com as movimentações telefônicas de todos os acusados, inclusive do ex-adolescente", afirmou, em referência ao primo de Bruno, que tinha menos de 18 anos na época do crime e cumpriu medidas socioeducativas.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.

Fonte: Especial para Terra
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