PUBLICIDADE

Polícia

Promotor acredita que Bruno será condenado sem corpo de Eliza

Compartilhar
Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte

O promotor de Justiça do Tribunal do Júri do Fórum de Contagem (MG) Henry Wagner Vasconcelos Castro garantiu que o ex-goleiro Bruno Fernandes e os outros seis réus que vão a júri popular pela morte de Eliza Samudio serão condenados, mesmo sem o corpo ou restos mortais terem sido localizados.

Promotor diz que Bruno será julgado apesar de manobra da defesa:

Caso Bruno: onde estão os personagens do crime?

Veja mais de 30 crimes que abalaram o País

"A afirmação de que sem corpo não haveria como provar o crime é uma afirmação mentirosa, falaciosa e sofismática por parte das defesas dos acusados", disse ele. O promotor afirmou também que a alegação é "desprovida de senso diante das demais provas que induzem diretamente à realidade de crime de homicídio".

"O doutor (Claudio) Dalledone abandonou o processo justamente por discordar dessa tese e o atual defensor dele (Rui Pimenta) tem afirmado que de fato Eliza foi assassinada, porquanto busca ele afirmar que o Bruno de nada tinha conhecimento", completou.

Castro garantiu ainda que não dará margens para que os advogados de defesa dos réus transformem as cerca de três semanas previstas para o julgamento em um "circo". "Não haverá um circo, haverá um julgamento. Eu tenho certeza que a depender da conduta do Ministério Público e da presidência da meretíssima juíza doutora Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, nós teremos um julgamento sereno e sóbrio. As provas serão adequadamente pelas partes aos jurados e ao final os jurados assumirão, com toda tranquilidade, o seu veredito," concluiu.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade