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Caso Bruno

Pai diz que Macarrão vê psicólogos e lê Bíblia na cadeia

4 jun 2012 - 12h05
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Desde que foi preso, no dia 7 de julho de 2010, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, tem sido obrigado a ouvir de colegas de cela e de advogados envolvidos no caso Bruno insinuações de que seria homossexual. O motivo seria a amizade entre ele e o goleiro, representada por um tatuagem que Macarrão fez nas costas com o trecho de uma música feita por um grupo de pagode: Amizade Verdadeira.

Macarrão está preso na Penitenciária Nelson Hungria desde julho de 2010
Macarrão está preso na Penitenciária Nelson Hungria desde julho de 2010
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

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O último a utilizar desse recurso foi o advogado Rui Caldas Pimenta, que passou a defender Bruno este ano. Para ele, Macarrão teria sido o autor da morte da ex amante do atleta Eliza Samudio "por amor" ao goleiro: "o Bruno nunca desejou a morte daquela moça. Ele foi traído pelo dileto amigo dele, o Macarrão", afirmou.

Para Cássio Ferreira Romão, pai de Macarrão, a Justiça para com o filho ainda virá, se não do júri popular no Fórum de Contagem, "de Deus". O motorista concordou em falar com o Terra desde que não fosse fotografado. A entrevista aconteceu na casa da família, no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves (MG). "O maior juiz é aquele lá de cima. Ele sabe de tudo e Ele é o nosso advogado", disse.

Romão reiterou que o filho não é homossexual e apenas trabalhava para o goleiro. Os dois são amigos de infância: "muitos falaram de amizade, eu sei que ele trabalhava para o Bruno, mas não tenho nada a reclamar do Bruno. Algum dia todo mundo vai sair (da cadeia). Você pode ter certeza, o advogado é aquele que está no céu", repetiu.

O motorista revelou que o filho tem tido atendimento psicológico dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde ele e Bruno aguardam o júri popular, previsto para ainda este ano. Macarrão também estaria frequentando cultos evangélicos na cadeia. "Lá dentro todo mundo se apega ao Senhor (...). Ele sempre foi religioso, desde novinho. Agora a fé dele aumentou bastante. Lá dentro ele lê a Bíblia porque é complicado, até os psicólogos que trabalham lá sabem que é difícil".

Antes do crime ser descoberto pela polícia, a casa de Macarrão, assim como a de Bruno, sempre ficava cheia de amigos de infância e do bairro. Atualmente, Macarrão recebe visitas apenas dos pais, da irmã, da mulher e das filhas. "Todo final de semana a gente vai lá dar o nosso conforto para ele. Ele está bem, graças à Deus (...) Aqui sempre ficava cheio, agora sempre está mais vazio. O movimento sempre tinha, agora acabou. A gente era feliz e não sabia", lamentou. "As pessoas que vêm aqui ainda nos visitar sentem vergonha".

Recentemente, o advogado Wasley César Vasconcelos, que defendia Macarrão, deixou o caso, segundo ele, motivado pela suposta pressão do advogado de Bruno para que o amigo assumisse o crime. Romão contou que a família conseguiu um novo defensor. "Um primo meu tomou as dores e ajudou com o advogado", disse. "Futuramente teremos notícias boas, estaremos felizes. Vocês vão ver as boas notícias. Ele está preso, mas ele não é bandido, não é marginal", garantiu.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Fonte: Especial para Terra
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