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Caso Bruno

MG: ex-colega de cela que entregou Bola diz que é ameaçado por policiais

23 abr 2013 - 13h03
(atualizado às 13h45)
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<p>Sentado de costas, Ja&iacute;lson Alves de Oliveira, ex-colega de cela de Bola, durante depoimento nesta ter&ccedil;a-feira</p>
Sentado de costas, Jaílson Alves de Oliveira, ex-colega de cela de Bola, durante depoimento nesta terça-feira
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação

O detento Jailson Oliveira, ex-colega de cela de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de executar Eliza Samudio, contou em depoimento na manhã desta terça-feira, no Fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, que recebe constantemente ameaças de presos e de policiais de dentro da penitenciária Nelson Hungria por ter revelado suposta confissão de Bola e plano de matar juíza. Segundo ele, sua mulher também foi vitima de ameaças. “Eu sou ameaçado todos os dias por causa desse caso, tanto pelos presos quanto pela policia. Minha esposa foi jogada no chão para eu me retratar. Pediram pra que eu voltasse atrás. Ela também foi ouvida pela corregedoria”, disse.

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De acordo com o detento, ele também foi ameaçado no interior do Departamento de Operações Especiais (Deoesp) durante uma acareação pelos policiais  Gilson Costa e José Lauriano, o Zezé, que foram citados pela defesa por envolvimento no assassinato de Eliza. “Ele estava mostrando a foto da minha mulher no celular. Eles deram três opções: fugir, de eu me retratar ou eles matariam minha mulher”, revelou.

Oliveira é a primeira testemunha a prestar depoimento nesta terça-feira no julgamento de Marcos Aparecido. Ele foi ouvido pela Polícia Civil em junho de 2011 quando revelou um suposto plano de Bola de matar a juíza Marixa Fabianne Rodrigues, o delegado Edson Moreira e o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG), que teria envolvimento do traficante Nem da Rocinha. De acordo com Jailson, Bola também teria confessado o crime. “Ele (Bola) disse que jogou os restos mortais da Eliza na Lagoa do Nado. E disse que iam achar o corpo dela só se peixe falasse”, contou.

Jailson respondeu às perguntas do promotor Henry Vagner e posteriormente foi acusado pela defesa de ter cometido falso testemunho ao apontar Bola como executor do crime. De acordo com o advogado Ércio Quaresma, Jailson, que esta há 16 anos na cadeia por latrocínio e roubo, mentiu e tem o costume de “caguetar” policiais e detentos.

Segundo depoimento prestado por Jailson, ele teria delatado o plano para matar agente penitenciário, denunciado a morte de um preso cometida por agente penitenciário na penitenciaria Dutra Ladeira e, em 2007, denunciou o diretor da Nelson Hungria, Tenente Coronel Alvenir, por venda de fuga, transferência e superfaturamento em obra dentro da penitenciaria, entre outros casos.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.

Fonte: Especial para Terra
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