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Polícia

Justiça nega adiamento e júri de Bola começa em MG

5 nov 2012 - 19h15
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A juíza Marixa Fabiane negou, nesta segunda-feira, o pedido dos advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para adiar o júri popular no qual o ex-policial que será julgado pela morte do comerciante e carcereiro Rogério Martins Novelo, em maio de 2000. Ele foi executado na loja em que trabalhava. Com a negativa, a sessão teve início na tarde de hoje no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Duas testemunhas de acusação já foram ouvidas.

Os advogados Ércio Quaresma, Zanone Manoel e Fernando Magalhães alegavam falhas durante a fase de instrução criminal. Segundo eles, testemunhas que não teriam sido ouvidas e houve um erro no reconhecimento do acusado por meio de retrato falado feito por uma testemunha.

No último dia 24 de outubro, a juíza Marixa Fabiane já havia acatado pedido do Ministério Público e adiado o júri popular para esta segunda-feira depois que os advogados não compareceram. Para a magistrada, houve "evidente má fé" dos advogados de defesa na manobra pelo adiamento e por isso ela aplicou uma multa de R$ 18,6 mil ao defensor Fernando Costa Magalhães. O valor deveria ser pago em 20 dias.

Segundo o MP, o pedido do primeiro adiamento foi motivado "por uma astuta manobra articulada pela defesa do réu". Ainda de acordo com o Ministério Público, o advogado de Bola, Fernando Magalhães, alegou que teve de viajar para a cidade de Tangará da Serra (MT) para acompanhar o depoimento de uma testemunha no caso Eliza Samudio, do qual o ex-policial também é acusado de envolvimento.

De acordo com o promotor, a testemunha foi arrolada pelo MP, mas o advogado foi comunicado pela comarca de Tangará da Serra de que não haveria mais o depoimento. Mesmo assim, Magalhães viajou a Mato Grosso e não compareceu ao julgamento em Contagem no dia 24.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Em processo anterior ao conhecido caso Bruno, Bola responde pela morte de Rogério Martins Novelo, em maio de 2000
Em processo anterior ao conhecido caso Bruno, Bola responde pela morte de Rogério Martins Novelo, em maio de 2000
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Fonte: Terra
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