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Caso Bruno

Helicópteros impedem batismo de goleiro Bruno; secretaria nega

1 jun 2012 - 10h20
(atualizado às 10h29)
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Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte

O advogado Francisco Simin, que defende a ex-mulher do goleiro Bruno, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, e o próprio atleta, disse que o grande número de helicópteros de emissoras de televisão sobrevoando a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, teria provocado o cancelamento da cerimônia religiosa em que o goleiro seria batizado por um pastor evangélico.

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"Eu passei a informação do culto para as emissoras, queria mostrar que o Bruno está no caminho certo, e acabei atrapalhando. Ele iria ser o primeiro a ser batizado. A direção da penitenciária, por medida de segurança, cancelou o batismo", afirmou.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS-MG) negou que tenha havido o cancelamento do culto. A assessoria de comunicação do órgão disse que "Bruno já não participaria da cerimônia na tarde desta quinta-feira por uma posição pessoal". "Não tem nada a ver com a direção da unidade", disse uma das assessoras.

"Ele não estava incluído entre os presos que participariam ontem. Ou porque não houve a preparação (religiosa prévia) correta e o pastor quis assim, ou porque ele não quis. A gente não sabe porque, mas ele que não quis participar", disse a Seds-MG.

Ainda segundo a Seds-MG, a cerimônia evangélica desta quinta-feira foi realizada pela Igreja Restaurando Vidas. O advogado de Bruno não soube dizer quando haverá o batismo.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Bruno é acompanhado por policiais para prestar depoimento no 5º DP
Bruno é acompanhado por policiais para prestar depoimento no 5º DP
Foto: Lucas Prates / Futura Press
Fonte: Especial para Terra
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