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Caso Bruno

Ex-mulher diz que perdoou 'várias traições' do goleiro Bruno

4 jun 2012 - 10h15
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Aos poucos, a ex-mulher do goleiro Bruno tenta reconstruir a vida, apesar da expectativa pelo júri popular que deverá acontecer até o final deste ano. Dayanne Rodrigues do Carmo Souza responde - ao lado da ex-amante de Bruno Fernanda Gomes e dos amigos do atleta Bruno Elenílson Vítor e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha - por sequestro e cárcere privado. Todos vão a júri por suposto envolvimento no sumiço de outra ex-amante de Bruno, Eliza Samudio, que, para a polícia e a Justiça, está morta.

Ex-mulher de Bruno, Dayanne do Carmo de Souza responde por sequestro e cárcere privado
Ex-mulher de Bruno, Dayanne do Carmo de Souza responde por sequestro e cárcere privado
Foto: Pedro Silveira/O Tempo / Futura Press

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Dois anos após o crime, Dayanne concordou em falar com o Terra. Ela ficou seis meses presa, acusada de ter ajudado Bruno e outro amigo, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a manter Eliza e o filho em cárcere privado no sítio do casal em Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte. Foi ela também quem, segundo a polícia, escondeu o filho de Eliza quando o crime foi denunciado. Por orientação dos seus advogados, Dayanne não se deixou ser fotografada durante a entrevista e também não quis falar sobre o processo.

Ela contou que mora com a mãe, as duas filhas (dela e de Bruno) e outros três irmãos. Atualmente trabalha como vendedora em uma loja de roupas e calçados, única renda que possui: "não é suficiente não, tenho ajuda da minha família, de um amigo muito querido (ela não quis revelar o nome ou o grau de intimidade) e ainda dos meus irmãos".

"Os gastos com as meninas são plano de saúde, mensalidade e transporte escolar. Criança não é apenas comida, tem que calçar, vestir... Hoje temos bem menos do que tínhamos e as crianças me pedem coisas que eu não posso dar. Eu e o Bruno sempre falávamos que nossas filhas teriam tudo que a gente não teve. Viemos de família muito pobre. Hoje eu faço o possível para não faltar nada, principalmente carinho, mas elas já estão aprendendo a aceitar o que não pode. As minhas filhas estão hoje com 3 e 6 anos", disse.

Dayanne revelou que há mais de seis meses não vê o ex-marido. "Já tem um tempo que não o vejo. Antes fazíamos visitas assistidas e minha filha mais velha passou a se isolar (depois que via o pai). Elas estudam em uma escola evangélica e por várias vezes ela chorava quando cantava hinos da igreja. Quando ela visitava o pai ficava chorosa e eu era chamada na escola. Mesmo com todo acompanhamento (psicológico) que ela recebia na escola". Então, em comum acordo, contou que ela e Bruno decidiram suspender as visitas das filhas.

Bens, segundo Dayanne, sobrou apenas o sítio, ainda à venda. "Além do sítio a gente tinha mesmo dois apartamentos. Um eu vendi e o outro o (Ércio, ex-advogado de Bruno) Quaresma vendeu. O sítio continua. Tudo que o Bruno conquistou quando estávamos casados eu tenho direito a 50%. Nós casamos em 2004, eu fiquei noiva em 2002. Começamos a namorar em 99 e casamos em uma igreja católica em Ribeirão das Neves, onde morávamos".

A separação, segundo ela, teria sido motivada pelas traições de Bruno: "foram muitas. Por muitas vezes eu perdoei, mas me cansei. Não tenho raiva dele, já desculpei como ele pediu. Hoje tem mulheres de vários tipos e gostos, ele não resistiu, que homem resiste? Ele sempre foi um belo pai, maravilhoso", afirmou.

Atualmente, ela disse que está solteira. "Não tenho namorado. Eu quero amar minhas filhas e está bom demais. Algum dia pode acontecer e, se acontecer, se for um homem correto, fiel, do bem, aí sim". Ela aproveitou para negar os rumores de que estaria grávida de um amigo de Bruno, jogador do time de futebol 100%, que ele ajudava financeiramente: "eu não tenho nenhum contato com o pessoal do time 100%. Eu nunca mais vi ninguém. Tudo vira conversa. Eu não sei de onde surgiu. Eu acho que as pessoas precisam saber antes de sair falando", finalizou.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Fonte: Especial para Terra
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