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Caso Bruno

Defesa de Bruno diz que taxista levou Eliza a hotel em SP

14 nov 2012 - 15h30
(atualizado às 15h42)
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Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte

Um dos advogados do goleiro Bruno Fernandes, Francisco Simim, disse nesta quarta-feira que ele ou o colega Rui Pimenta deverão ir a São Paulo até a sexta-feira para verificar informações passadas por um taxista que teria visto Eliza Samudio ainda em 2010. Segundo Simim, o homem disse que levou a ex-amante de Bruno até um hotel, e que durante o trajeto ela ainda conversava com uma pessoa que seria a mãe dela. O fato teria ocorrido depois de 4 de junho de 2010, dia em que Eliza foi dada como desaparecida.

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O advogado disse, ainda, que o objetivo da viagem é tentar reunir provas de que Eliza realmente passou pela capital paulista. "Documentos de check-in do hotel, recibos, o que tiver", disse Simim. A intenção da defesa é tentar provar que Eliza está viva, e que portanto não teria sido morta pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, a mando de Bruno e o amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.

A nova tese apresentada pela defesa de Bruno confirma, segundo os advogados, esta possibilidade, já que no início da semana Rui Pimenta revelou que recebeu uma carta supostamente escrita pelo padrasto de Bruno na qual ele dizia ter ajudado Eliza Samudio a deixar o Brasil pela fronteira com a Bolívia. Para Pimenta, Eliza provavelmente está no leste europeu, versão contestada pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos Castro. "O doutor Rui Caldas Pimenta antes dizia que ela estava morta. Agora vem com essa", disse ele.

Durante a fase de instrução do processo na Justiça, Bruno já havia declarado que Eliza teria sido levada por Macarrão até um ponto de táxi em Belo Horizonte, e dado a ela R$ 50 mil para que ela refizesse a vida em outro lugar, versão também contestada pela promotoria.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

Promotor diz que Bruno será julgado apesar de manobra da defesa:
Fonte: Especial para Terra
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