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Caso Bruno

Advogado da mãe de Eliza diz que fez acordo para Macarrão confessar

21 nov 2012 - 16h48
(atualizado às 22h33)
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Marcellus Madureira
Ney Rubens
Direto de Contagem

Em troca da confissão, o réu ganharia uma sensível redução de pena
Em troca da confissão, o réu ganharia uma sensível redução de pena
Foto: Marcellus Madureira / Especial para Terra

O advogado da mãe de Eliza Samudio, José Arteiro, disse na tarde desta quarta-feira que fechou um acordo com a defesa de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, para que ele confesse sua participação na morte da ex-amante do goleiro Bruno. "Ele vai contar tudo, desde o sequestro até o momento em que entregou a Eliza na mão do Bola." A defesa de Macarrão, no entanto, nega essa negociação.

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Segundo Arteiro, o réu não quer falar da participação de Bola "porque tem família" e medo de ameaças. "A proposta está feita. Ele vai dizer que o Bruno mandou, e ele entregou a Eliza para ser morta".

Segundo Arteiro, que é assistente da acusação no julgamento, o acordo proposto prevê que ele peça à juíza a possível desqualificação de sequestro e cárcere privado por Macarrão. "Se cai essas duas qualificadoras, ele passaria de 12 a 30 anos, que é a pena para homicídio qualificado, para de 8 a 12 anos. Teria que cumprir um terço, mas como já cumpriu quase quatro, ele já pode ir embora", contabiliza. Mas na verdade, foram dois e meio que Macarrão já cumpriu.

De acordo com a acusação, a expectativa era de que Macarrão prestasse o depoimento ainda nesta quarta-feira, mas, após mais de 12 horas de sessão, o réu não havia sido chamado à tribuna até as 22h30. Em meio ao cansaço evidente dos jurados, a juíza não havia definido se estenderia a sessão até a madrugada ou se deixaria os depoimentos dos réus para a manhã de quinta-feira.

"Não há o que confessar"

Leonardo Diniz, advogado de Macarrão, disse desconhecer o acordo com a acusação para que confesse. Ele vai insistir na tese de que não houve crime. O defensor de Bola, Fernando Magalhães, ironizou a informação de que macarrão vai confessar: "Tenho saudades do tempo de Monteiro Lobato. O José Arteiro vive num mundo de histórias. O Macarrão não tem o que confessar", declarou.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.

Fonte: Especial para Terra
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