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Polícia

Cartunista Glauco e filho são enterrados em SP

13 mar 2010 - 10h43
(atualizado às 13h45)
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Peter Fussy
Direto de São Paulo

Os corpos do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, e de seu filho Raoni Villas Boas, 25 anos, foram enterrados por volta das 10h20 deste sábado no cemitério Gethsêmani Anhanguera, em São Paulo. Colegas de profissão, familiares e integrantes da Igreja Céu de Maria estiveram presentes na cerimônia, que foi toda acompanhada de cantos religiosos e aplausos. O cartunista era um dos fundadores da comunidade espiritual que segue o Santo Daime, uma bebida alucinógena feita de cipó ayahuasca.

Os corpos chegaram ao cemitério por volta das 9h30 e o caixão de Glauco estava coberto com a bandeira do Corinthians e também uma com símbolo do Santo Daime. Já o caixão de Raoni estava coberto com a bandeira do clube de futebol São Paulo e também da religião. "Acho que o futebol era a única coisa que os dois discordavam", afirmou César Augusto Villas Boas, também cartunista, conhecido como Pelicano, e irmão de Glauco. O caixão de Raoni tinha também um berimbau em cima.

Os integrantes da comunidade espiritual de Glauco vestiam branco em sua maioria e começaram os cânticos durante um breve velório na capela do cemitério. Em seguida, todos caminharam cantando até o local do sepultamento e jogaram flores na última despedida. "É muito chocante. Não tem o que falar muito. Precisamos aproveitar a lição de paz e amor deixada pelo Glauco. Temos que prestar atenção no que está acontecendo. A culpa é um pouco nossa de o mundo estar desse jeito", afirmou Pelicano, que mora em Ribeirão Preto e havia falado com o irmão há dois dias para dar os parabéns pelo aniversário de 53 anos do cartunista.

Além da saudade dos familiares, cartunistas presentes no enterro acreditam que Glauco também fará falta por seu humor leve, que marcou seus personagens. "Existem pessoa iluminadas e o Glauco era uma delas. Ele apareceu em uma época em que o humor estava muito pesado por causa da ditadura e mudou tudo isso", afirmou Orlando Pedroso, que trabalhou com Glauco na Folha de S.Paulo. "Vai ficar um buraco que não vai ter jeito de ocupar", disse Pelicano.

Crime

Glauco e seu filho foram assassinados no início da madrugada desta sexta-feira na porta de casa, com quatro tiros cada um. O caso é investigado pelo Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco. Uma testemunha que estava com as vítimas no momento do crime reconheceu um suspeito, que está sendo procurado pela polícia.

O artista começou a desenhar para o Diário da Manhã, em Ribeirão Preto (SP), no começo da década de 1970. Em 1976, foi premiado no Salão do Humor de Piracicaba. No ano seguinte, começou a publicar seu trabalho na Folha de S.Paulo. Fazem parte da obra de Glauco os personagens Geraldão, Dona Marta, Zé do Apocalipse e Doy Jorge.

Personalidades e autoridades lamentaram o assassinato de Glauco. Entre elas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, José Serra. Um grupo de cartunistas organizou no blog Universo HQ, um dos mais importantes do gênero, uma série de cartuns homenageando o artista.

Fonte: Redação Terra
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