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Polícia

Carandiru: médicos liberam jurado e julgamento é retomado em São Paulo

Um dos sete jurados passou mal ontem e o júri dos 26 PMs foi interrompido

18 abr 2013 - 14h37
(atualizado às 15h14)
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Movimentação do lado de fora do Fórum onde ocorre o julgamento do Carandiru, que foi suspenso temporariamente nesta quarta-feira após um jurado passar mal
Movimentação do lado de fora do Fórum onde ocorre o julgamento do Carandiru, que foi suspenso temporariamente nesta quarta-feira após um jurado passar mal
Foto: Tércio Teixeira / Futura Press

O julgamento de 26 policiais militares acusados de participação no episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru - quando 111 presos foram mortos na Casa de Detenção de São Paulo, em 1992 -, foi retomado na tarde desta quinta-feira, após ficar suspenso por mais de um dia. Na quarta-feira (17) pela manhã, um dos sete jurados que compõem o conselho de sentença passou mal e teve de ser encaminhado ao ambulatório do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista, mas no início da tarde de hoje, ele passou por nova avaliação médica e foi liberado para continuar em plenário. 

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O julgamento recomeça dando continuidade à leitura em voz alta de peças do processo e depoimentos de testemunhas, que não foram convocadas para este júri ou que já morreram. Em seguida, deve ter início os interrogatórios de quatro dos 26 réus, escolhidos pela defesa para apresentarem a versão oficial do grupo sobre o episódio. 

Esta foi a segunda vez que um jurado apresentou problemas de saúde durante o julgamento do caso. Na semana passada, quando começaria o júri (marcado inicialmente para o dia 8 de abril), uma jurada também passou mal, mas não se recuperou e o conselho de sentença foi desfeito antes mesmo do início dos trabalhos.

Na ocasião, haviam sido selecionados como jurados cinco mulheres e dois homens. Já na última segunda-feira (15), quando começou o novo julgamento, foram selecionados, por meio de sorteio, seis homens e uma mulher para decidir se absolvem ou condenam os réus.  

Júri de 26 PMs

Ao todo, 84 policiais militares foram denunciados pelos homicídios ocorridos no presídio do Carandiru, sendo que cinco deles já morreram. Devido ao tamanho do processo, o julgamento do caso foi dividido em etapas: neste júri, são julgados os 26 policiais que atuavam no 1º Batalhão de Policiamento de Choque, e que são apontados como responsáveis por 15 mortes ocorridas no 1º andar do pavilhão 9 - cenário do massacre. 

Pelo menos outros três júris devem ocorrer até o fim do ano, já que outros 53 PMs são apontados como responsáveis pelos demais assassinatos, registrados nos outros pavimentos. Até hoje, o único condenado pelo caso foi o coronel da PM Ubiratan Guimarães, que comandava a operação e pegou 632 anos de prisão em 2001. Em 2006, entretanto, a Justiça decidiu absolvê-lo em novo julgamento. Ele morreu assassinado naquele mesmo ano.

Nos dois primeiros dias de júri, 11 testemunhas - cinco de acusação e seis de defesa - foram ouvidas, entre elas o então governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB) e o ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco de Campos, que afirmaram que a entrada da PM no Carandiru era "necessária", devido à situação no pavilhão. De acordo com a denúncia, uma briga entre dois presos de facções rivais motivou o tumulto no presídio, o que provocou a invasão por parte dos policiais.

Também foram ouvidos como testemunhas três sobreviventes (dois ex-detentos e um presidiário), que negaram haver uma rebelião generalizada e acusaram os PMs de atirar aleatoriamente; um dos diretores da Casa de Detenção, que também criticou a operação policial e considerou ter havido uma "execução"; três juízes que participaram das negociações antes da invasão; além do perito criminal responsável pela análise da cena do crime, que acusou a PM de tentar prejudicar a investigação.

O julgamento começa mais de 20 anos após o episódio, ocorrido em 2 de outubro de 1992. Na ocasião, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos.

Fonte: Terra
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