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Polícia

Carandiru: 'condenação não reflete vontade dos brasileiros', diz defesa

Advogada dos 23 policiais militares da Rota condenados pelo massacre do Carandiru vai recorrer da decisão

21 abr 2013 - 03h15
(atualizado às 03h19)
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A advogada de defesa dos 23 policiais militares condenados a 156 anos de prisão pelas mortes de 13 dos 111 presos mortos em 1992 na Casa de Detenção de São Paulo - episódio que ficou conhecido como o massacre do Carandiru -, criticou a decisão do júri popular e reiterou que o grupo cumpria ordens superiores para controlar a rebelião. Para a advogada Ieda Ribeiro de Souza, a condenação não reflete a vontade da sociedade brasileira e quem deveria responder pelos crimes eram as autoridades do governo da época, entre elas o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho. A defesa vai recorrer da decisão. 

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"Vi com muita frustração. Isso não reflete a vontade da sociedade brasileira. Eu não esperava nenhuma condenação e, digo mais, esperava o reconhecimento da ação legítima (da Polícia Militar), afirmou a advogada. 

"Acho que houve uma participação importante e decisiva dessas pessoas: do Fleury, do Pedro Franco de Campos (ex-secretário de Segurança Pública), do Ismael Pedrosa (diretor do Carandiru, morto em 2005). É um despropósito jurídico (as autoridades não terem sido sequer denunciadas)", afirmou. "Os PMs se sentem traídos pelo governo", afirmou.  

A condenação dos réus ocorre 20 anos após o episódio e depois de sete dias de julgamento, realizado no Fórum Criminal da Barra Funda. A maioria dos sete jurados aceitou a tese dos promotores públicos Fernando Pereira da Silva e Márcio Friggi, responsáveis pela acusação, de que os policiais assumiram o risco de cometer o massacre, pois atiraram contra detentos que não ofereciam risco à tropa do 1º Batalhão de Choque - Rota. Três dos 26 réus foram absolvidos, pois a acusação apontou que eles não estavam no 1º andar do pavilhão 9, onde ocorreram as mortes pelas quais o grupo foi denunciado. 

A defesa já manifestou à Justiça a intenção de recorrer e estuda pedir a anulação do julgamento. "É uma decisão manifestamente contrária às provas dos autos. Eu não posso ter um crime qualificado quando tenho policiais dessa tropa feridos. Não posso ter crime qualificado que diz que as pessoas (os detentos) que estavam lá dentro não cometeram nada", afirmou. Todos os condenados aguardarão a análise dos recursos em liberdade. 

Segundo a advogada, a condenação poderá causar consequências à sociedade, pois os policiais militares em ativa pensarão mais vezes antes de cumprir ordens passadas por seus superiores. 

"Eles receberam a Justiça como policiais militares que são. Eles receberam a notícia, ficam com ela e vão continuar trabalhando e exercendo a função que a sociedade espera que eles exercem", disse. "Eu espero que o governo sinta isso na pele. Não estou dizendo que esses homens vão deixar de cumprir o seu dever. Eles vão cumprir o seu dever sim, mas vão pensar um pouco mais antes de fazê-lo. E isso é um risco para toda a sociedade", enfatizou.

Fonte: Terra
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