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Polícia

Carandiru: após debate entre acusação e defesa, 25 PMs vão a júri

Grupo, que atuou no terceiro pavimento da Casa de Detenção, em 1992, é acusado por 73 das 111 mortes ocorridas no "massacre do Carandiru"

2 ago 2013 - 06h00
(atualizado às 06h00)
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<p>Promotoria e defesa apresentaram vídeos nesta quarta-feira, quarto dia da segunda etapa do julgamento do massacre do Carandiru</p>
Promotoria e defesa apresentaram vídeos nesta quarta-feira, quarto dia da segunda etapa do julgamento do massacre do Carandiru
Foto: Fernando Borges / Terra

O julgamento de 25 policiais militares acusados por 73 mortes no episódio conhecido como "massacre do Carandiru", em outubro de 1992, deve se encerrar na madrugada deste sábado, após o debate entre acusação e defesa dos réus. Serão 3 horas para cada uma das partes. Promotoria e defesa ainda tem direito a mais duas horas, de réplica e tréplica, se assim julgarem necessário.

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Enquanto a acusação deve argumentar, com base no laudo da perícia, que os detentos estavam desarmados e rendidos quando foram mortos, a defesa tentará convencer os jurados de que os policiais militares acionados para conter um tumulto provocado após uma briga entre facções rivais foram recebidos a tiros pelos presos.

<p>Promotoria e defesa apresentaram vídeos nesta quarta-feira, quarto dia da segunda etapa do julgamento do massacre do Carandiru</p>
Promotoria e defesa apresentaram vídeos nesta quarta-feira, quarto dia da segunda etapa do julgamento do massacre do Carandiru
Foto: Fernando Borges / Terra

A acusação também irá explorar dois pontos chaves do processo: a perícia do local, que aponta que a maioria dos tiros ocorreram dentro das celas do pavilhão, enquanto muitas das vítimas tentavam se proteger, e as consequências do massacre. De acordo com especialistas, os assassinatos de 111 detentos do Carandiru motivou a organização dos criminosos em São Paulo, que fundaram em 1993 - ano seguinte ao episódio - o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Já a defesa tentará convencer o júri de que os policiais cumpriam ordens de seus superiores e do governo do Estado, mas que o cenário encontrado no pavilhão 9 era de caos: pouca visibilidade, prejudicada pela ausência de energia elétrica e pela chuva; e presos rebelados e armados - com facas improvisadas, barricadas e armas de fogo -; e a ameaça de a rebelião se espalhar para os demais pavilhões da Casa de Detenção.

Julgamento 

O quarto dia do julgamento dos 25 policiais militares acusados por 73 das 111 mortes ocorridas em 2 de outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, nesta quarta-feira, está reservado para o interrogatório do coronel Salvador Modesto Madia e para a apresentação de vídeos e parte do processo colhidos nesses quase 21 anos que separam a ocorrência e o seu julgamento.

Esta é a segunda etapa do julgamento, que começou em abril com a condenação de 23 policiais militares - todos integrantes do 1º Batalhão de Choque (a Rota - Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). Eles receberam uma pena de 156 anos de prisão, em regime fechado, por conta de 13 das 15 mortes ocorridas no primeiro andar do prédio. Todos recorrem da sentença em liberdade.

Nessa primeira etapa, os policiais receberam a pena mínima para cada homicídio, que é de seis anos, somada a mais seis anos por impossibilitarem a defesa das vítimas. Os 12 anos foram multiplicados pelas 13 mortes para se chegar ao resultado final da sentença. Na ocasião, o júri ainda absolveu três PMs denunciados: Roberto Alberto da Silva, Eduardo Espósito e Maurício Marchese Rodrigues, seguindo recomendação do próprio Ministério Público. A justificativa é que eles não atuaram no 1º andar do pavilhão com a tropa.

Relembre o caso Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Os policiais são acusados de disparar contra presos que estariam desarmados. A perícia constatou que vários deles receberam tiros pelas costas e na cabeça.

Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos.

Relembre o caso

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Os policiais são acusados de disparar contra presos que estariam desarmados. A perícia constatou que vários deles receberam tiros pelas costas e na cabeça.

Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos.

Fonte: Terra
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