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Polícia

Cabral: policiais que recebem propina devem ser presos

11 nov 2011 - 13h11
(atualizado às 14h29)
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Luis Bulcão
Direto de São Paulo

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou nesta sexta-feira, em entrevista no Palácio Guanabara, que é preciso haver investigação sobre as denúncias do traficante Nem de que metade do lucro do tráfico na Rocinha era repassado a policiais corruptos. "O policial envolvido em ilícito é duplamente marginal", disse.

Traficante foi preso na madrugada de quinta-feira
Traficante foi preso na madrugada de quinta-feira
Foto: Seap / Divulgação

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Cabral disse também que, caso as denúncias sejam comprovadas, os envolvidos precisam ser punidos. "A grande maioria da polícia é composta por gente de bem como aquele tenente com a conduta de ontem", afirmou, referindo-se ao policial que não aceitou propina para liberar o carro que transportava o traficante.

O governador salientou também que considera que os policiais que entregam armas e ajudam na fuga de marginais estão colocando em risco os bons policiais que lutam contra o crime no Estado. "Além de traindo toda a sociedade esses policiais estão traindo seus próprios colegas."

Para que os corruptos sejam devidamente punidos, Cabral cobrou a colaboração da Justiça para efetivar a sentença desses criminosos. "Infelizmente tivemos experiências ruins, nós já prendemos policiais que passaram por processo e alguns juízes acabaram liberando. Muitas vezes o cidadão é expulso da polícia e por meio de liminar consegue voltar à corporação." O governador considera o caso Patrícia Aciolli como um marco na aplicação da Justiça a policiais corruptos.

A prisão de Nem
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha, Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.

Fonte: Terra
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